As conversas ocorrem em meio a uma crise hídrica histórica que tem pressionado o sistema de geração do Brasil, fortemente dependente de hidrelétricas.
A pasta disse em nota que vai liderar esforços visando “soluções emergenciais e estruturais” para essas medidas, conhecidas como “resposta da demanda” entre técnicos do setor.
No encontro, a Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) propôs “elaboração de um plano de ação com propostas que possam contribuir para a capacidade de resposta da indústria e para aumentar as ações de eficiência energética”, segundo o ministério.
Já a Abrace, que representa indústrias com grande consumo elétrico, “destacou a importância de buscar mecanismos voluntários” para que o setor reduza sua demanda, “sem afetar a competitividade”.
O Brasil tem tentado desde 2018 emplacar um programa-piloto de resposta da demanda, pelo qual indústrias poderiam receber pagamentos em dinheiro em troca de uma redução do consumo em determinados momentos do dia, com o desligamento de máquinas, por exemplo.
A iniciativa-piloto, lançada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), no entanto, teve pouca adesão de empresas até o momento devido a problemas no mercado de curto prazo de energia, por meio do qual ocorreriam os pagamentos.
O governo chegou a tentar ampliar a adesão da indústria ao programa no final de 2020, já em meio a chuvas fracas na região das hidrelétricas, mas a ideia agora deverá ser retomada.
A consultoria especializada em energia PSR disse em relatório nesta semana que “a situação de suprimento energético em 2021 é preocupante, mas ainda não alarmante”.
Diante do quadro crítico de falta de chuvas, a PSR projetou que as hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, que têm os maiores reservatórios, devem chegar ao fim de novembro, início da época de chuvas, com 21% da capacidade em um cenário conservador e 10% em um cenário de “estresse”.
A empresa disse que suas simulações não resultaram em déficits de energia ou potência, mas sugeriu que o governo acelere a implementação de um programa de resposta da demanda para ajudar na gestão da oferta.
A PSR também disse que o governo deveria realizar “campanhas de esclarecimento à população, informando sobre a crise hídrica, e induzir o consumo de energia de forma consciente”.
Outra medida apontada pela PSR para gestão pelo lado da demanda seria o acionamento permanente por algum período da chamada bandeira tarifária vermelha nível 2 nas contas de luz, o mais elevado patamar de um mecanismo que aumenta os custos para os consumidores quando a oferta de energia no sistema é maior.
A bandeira vermelha nível 2 está em vigor para este mês de junho, em meio ao baixo nível dos reservatórios. Ela gera custo extra na conta de luz de R$ 6,243 para cada 100 kWh consumidos, segundo a Aneel. A agência ainda discute elevar essa cobrança para R$ 7,571 a cada 100 kWh.