Oinquérito aberto na segunda-feira pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar as denúncias do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, contra o presidente Jair Bolsonaro deve ficar pronto em 90 dias. Porém, se demorar até novembro, poderá ficar sob a relatoria do ministro que Bolsonaro indicar para substituir Mello, que vai se aposentar naquele mês. A avaliação foi feita pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, durante live realizada nesta terça-feira (28/04). 

“São depoimentos que podem ser colhidos rapidamente, eventualmente juntada de provas, comunicações… Não me parece algo que exija perícias, algo extremamente complicado, de modo que pode ser que em 90, 120 dias isso já esteja concluído”, disse Mendes.

O inquérito foi aberto a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, e vai apurar se o presidente da República tentou interferir politicamente na Polícia Federal para ter acesso a inquéritos e relatórios de inteligência do órgão. 

Moro fez as denúncias ao pedir demissão do ministério, em reação à demissão do delegado Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da PF. Segundo Moro, Bolsonaro o pressionava para ter acesso a investigações em curso no STF, sobretudo as que investigam os três filhos políticos do presidente – o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

O ministro Gilmar Mendes, durante a live, falou também a respeito das pressões pela abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro no Congresso. Segundo o magistrado, “Todos fogem da palavra impeachment”.“Eu tenho a impressão, pelo que eu ouço do meio político, que todos evitam a palavra impeachment porque normalmente a crise que desemboca no impeachment tem um efeito de paralisação enquanto esse processo se desenrola”, disse o ministro.

Nesta terça-feira, foram publicadas no Diário Oficial a União (DOU) as nomeações de André Mendonça, atual advogado-geral da União, como novo ministro da Justiça, e de Alexandre Ramagem, hoje diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), como substituto de Valeixo no comando da PF. Agora, o presidente da República tem dois amigos da família Bolsonaro à frente dos dois órgãos.