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Não reeleger Lula é o que vai salvar meu pai da prisão, diz Flávio Bolsonaro
Senador afirma à Folha que é a versão 'moderada' do ex-presidente: 'Ele não quis tomar vacina; eu tomei duas doses' Flávio fala em retomar projeto de Paulo Guedes e que, se não tiver apoio do centrão, vai para as eleições com o povo
Por CIDADE FM 91,1 Mhz - GRAJAÚ MA
Publicado em 09/12/2025 06:30
NOTÍCIA
Brasília

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirma que só a derrota do presidente Lula (PT) em 2026 vai salvar o seu pai da prisão e que não abrirá mão de sua candidatura à Presidência em prol do governador de São PauloTarcísio de Freitas (Republicanos).

"Eu acho que não tem um cenário de eu ser candidato e ele [Tarcísio] ser. Seria uma ignorância muito grande, e ignorante é tudo o que o Tarcísio não é", afirma à Folha.

Um dia depois de dizer que Jair Bolsonaro (PL) livre e nas urnas era o preço para desistir da eleição, Flávio afirma que não vai ficar mais "entubando historinha" sobre a aprovação da anistia, que sua a candidatura é irreversível e que, se não tiver o apoio dos partidos do centrão, irá para as eleições com o PL "e o povo".

Homem de meia-idade veste terno azul e camisa branca, gesticulando com as mãos abertas em ambiente interno com parede branca ao fundo.
Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em entrevista à Folha na sede do jornal, em Brasília - Pedro Ladeira - 8.dez.25/Folhapress

Acrescenta ainda ter vantagem sobre os demais pré-candidatos por carregar o sangue e o sobrenome Bolsonaro, mas diz que é a versão "moderada" que muitos pediram. "Ele não quis tomar vacina [contra a Covid]; eu tomei duas doses."

 
 

O sr. colocou em dúvida sua candidatura ao dizer que tinha um preço para desistir, que seria Bolsonaro nas urnas. É irreversível ou tem um preço? É irreversível. Minha candidatura não está à venda. A condição para isso é o presidente Bolsonaro livre e nas urnas. A única possibilidade de o Flávio Bolsonaro não ser candidato é o candidato ser o Jair Messias Bolsonaro. Não tenho preço.

 

A reação da classe política foi de ceticismoQuem está na linha de apostar que seria balão de ensaio são aqueles que, na verdade, não estavam esperando uma decisão de Bolsonaro. Estavam aguardando que a decisão fosse uma. Como foi outra, agora tentam arrumar uma desculpa para não seguirem a orientação. Mas não tem problema, meu nome está colocado, não tem volta, não é balão de ensaio, é irreversível e vai ter Bolsonaro na urna em 26.

 

que Bolsonaro disse ao sr. e por que agora? Ele falou: "Tem que ter alguma espécie de alinhamento, de centralização, pelo menos no discurso, nas decisões. Acho que tem que ser agora porque isso vai dar um freio de arrumação". Por razões óbvias, a primeira pessoa com quem fui conversar foi o governador Tarcísio, que era a pessoa que estava sendo esperada para ser anunciada como tendo o apoio do presidente Bolsonaro. Foi uma conversa maravilhosa, franca, olho no olho. Ele compreendeu e disse que eu teria todo o apoio.

Se os partidos do centrão não o apoiarem, o sr. vai sozinho? Vou com o povo. Óbvio que quero mais partidos comigo. No final das contas, quero acreditar que todos estão no mesmo projeto contra o PT.

 

Meu foco será construir um time de referências em diversas áreas. Estou começando pela economia, para dar continuidade ao projeto que Paulo Guedes começou e a pandemia não permitiu, de controle responsável de gastos públicos. Pegamos uma relação de dívida/PIB de 75%. Após a pandemia, entregamos com 71%, e agora a gente vê o governo Lula chegando a quase 86% [no padrão do FMI]. A primeira conversa foi a de definir um teto para essa relação dívida/PIB para o Brasil se organizar.

O sr. falou com Paulo Guedes? Converso com Guedes de vez em quando. É um gênio. Vou começar a colocar no papel de forma muito antecipada qual vai ser a nossa plataforma de resgate do Brasil.

Ele está disponível para ajudá-lo? Para ajudar sim. Não estou falando de nome de ministro, para fazer plano de governo, nada disso. É um conselheiro importante.

 

O sr. quer dar um recado para o mercado, que reagiu mal? Não quero dar recado, quero mostrar quem eu sou. Tenho os mesmos princípios, tenho o sangue Bolsonaro, mas nenhum ser humano é igual ao outro. Em vários momentos, ele tinha um entendimento, eu tinha outro. Ele não quis tomar vacina [contra a Covid]; eu tomei duas doses. Só para te dar um pequeno exemplo de que vocês verão um Bolsonaro centrado, equilibrado e que tem algumas opiniões próprias.

 

O candidato da direita precisa ter sangue Bolsonaro? Quem tem que falar é o povo. Qualquer candidato que tenha o nome Bolsonaro, que é o meu caso, já parte de um piso bastante alto. Os partidos que não quiserem caminhar conosco vão ter que pesar se vale a pena queimar um quadro mais forte para ir para uma eleição bastante polarizada, quando esse quadro pode concorrer para outra função, ser candidato ao governo, a senador.

Está falando do Tarcísio? Todos os nomes que estão colocados vão ter que fazer essa conta. Ratinho, Zema, Caiado. Lula e Bolsonaro estão na mesa. Vale a pena arriscar um quadro importante para ir para eleição tão polarizada? Cada um vai fazer a sua avaliação, que não tem que ser feita agora. Falta muito tempo para a eleição.

O sr. disse que Tarcísio era o candidato esperado. O Datafolha mostra ele mais próximo do Lula no segundo turno do que o sr. Ele tem o aval do mercado e dos partidos e já se comprometeu a dar o indulto a Bolsonaro. Por que não ele? Também atendo a todos os requisitos, com a vantagem de que tenho o sobrenome Bolsonaro. Não vou ficar disputando quem merece mais ou menos. É uma decisão que o presidente Bolsonaro toma para escolher quem vai ter responsabilidade de dar continuidade ao legado dele. Sou candidato até o final para honrar meu pai e para dar continuidade ao seu legado.

 

Tem alguma circunstância em que o Tarcísio possa ser o candidato? Tem que perguntar a ele. Ele sempre disse que estaria comigo, como me falou quando fui conversar com ele na sexta-feira. Confio nele, é um cara do bem, sempre foi transparente e leal. Acho que não tem um cenário de eu ser candidato e ele ser. Seria uma ignorância muito grande, e ignorante é tudo o que o Tarcísio não é. É um cara que eu não tenho dúvida: a gente vai estar junto. Eu vou subir no palanque dele para governador de São Paulo, ele vai me ajudar na candidatura à Presidência. Vamos largar de São Paulo com 10% de vantagem sobre o PT.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, está convicto da sua candidatura? O PL vai ter mais de 20% de televisão, vai ter fundo partidário, vai ter o povo, vai ter a militância aguerrida. Não preciso de mais nada.

 

Ciro Nogueira, presidente do PP, segue defendendo apenas Tarcísio e RatinhoEu sou amigo dele. Tenho certeza que ele está se baseando em pesquisas antigas. A candidatura que tem mais viabilidade é a minha.

Se o Congresso aprovar a anistia ao seu pai, mas o manter inelegível, isso o satisfaz? É um preço razoável? Joguei com as palavras para falar de preço, mas a condição é: Bolsonaro tem que estar livre e nas urnas. É uma humilhação para o Parlamento não pautar um projeto e deixar o plenário resolver no voto porque o relator [deputado federal Paulinho da Força] está tutelado. É uma esculhambação. Não estou defendendo uma guerra institucional, estou fazendo uma análise de cenário. O único caminho possível para resolver isso é pela política.

Se o Congresso aprovar anistia, mas mantiver a inelegibilidade, o sr. volta atrás na candidatura? Isso não está na mesa. Com esse projeto que eles querem entubar no Congresso, Bolsonaro vai ficar mais dois anos preso. Em mais dois anos, já tem presidente e Congresso novo, não preciso mais desse projeto. Eu não vou mais ficar entubando historinha, vaselina para lá e para cá, como se tivesse possibilidade de fazer alguma composição. As coisas não vão se resolver daqui até as próximas eleições.

 

Tanto faz então se o Congresso votar ou não a anistia? Se votar anistia total, que coloque Bolsonaro e outras centenas livres, e Bolsonaro nas urnas, não sou candidato. É meu sonho, inclusive. Minha candidatura está colocada a não ser que Bolsonaro fale: "Não vai ser você, vai ser o João". Aí é decisão dele. Não acho que vai acontecer nem uma coisa, nem outra, infelizmente.

Isso não é uma espécie de chantagem? Nós temos o direito de definir qual vai ser o nome que vai simbolizar a continuidade deste movimento que Bolsonaro inaugurou. Ele tem o direito de escolher e é direito dos outros partidos lançar outros nomes. Eu sou obrigado a ir com os outros partidos, porque eles acham que a pesquisa fala que é melhor A, B ou C? Não.

 

O que é mais importante para o sr., tirar seu pai da prisão ou não reeleger o Lula? Acho que não reeleger Lula é o que vai salvar o Brasil e vai salvar o meu pai da prisão.

O sr. falou que é pacificador e diferente do seu pai. O estilo de Bolsonaro não é o ideal? É o meu jeito, não estou fazendo teatro. Todo mundo que tentou ser igual a Bolsonaro se deu mal. Bolsonaro é inigualável. Ele é a minha referência. Só que se eu tentar ser igual a ele, não vou estar sendo eu.

Tem prejuízo em ser igual a ele? Quem vai falar é o eleitor. Muita gente pedia: "Bolsonaro, você tem que ser mais moderado". Pô, sou eu. Bolsonaro mais moderado.

Houve um diagnóstico de que a militância estava desgarradaHouve um diagnóstico meu de que a militância estava de cabeça baixa. O lançamento do meu nome resgata essa esperança. Tenho um sobrenome que não preciso ficar explicando o que eu penso, as pessoas já sabem. Você compra um Bolsonaro e quando abre a caixinha você não tem surpresa.

Não teme que sejam resgatadas investigações como rachadinha e dinheiro vivo para comprar imóveis? Essas coisas estão todas arquivadas. Nunca tive um processo criminal iniciado contra mim por causa disso. É uma espuma danada.

 

Qual vai ser a proposta do sr. para segurança? Boas experiências que vi em El Salvador, em que pessoas que cometem crimes graves ou reiteradamente, como roubo de celular na rua, ficam presas de verdade. Não vou ter tolerância. Podem me criticar à vontade, mas a população vai ter uma plataforma de segurança radical. O marginal perigoso vai mofar na cadeia e, se enfrentar a polícia, vai ser neutralizado.


RAIO-X | Flávio Bolsonaro, 44

É senador, advogado e empresário. Deputado estadual de 2003 a 2018, disputou a prefeitura do Rio em 2016, ficando em quarto. É primogênito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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