São Luís (MA) – O rompimento político entre o prefeito de Grajaú, Gilson Guerreiro (Dr. Gilson), e o grupo "Pé de Coco", liderado pelo ex-prefeito Mercial Arruda e pelo deputado estadual Ricardo Arruda, repercutiu na Assembleia Legislativa do Maranhão - ALEMA nesta terça-feira (18 de março de 2025). Em discursos, deputados estaduais manifestaram apoio a Ricardo Arruda e criticaram a postura do prefeito, utilizando termos como "traição". O deputado Ricardo Arruda usou a tribuna da ALEMA para reiterar a defesa do governo de seu pai, Mercial Arruda, com argumentos já apresentados em entrevista a uma rádio de Grajaú-MA.
Em respostas ao seu discurso, o deputado recebeu apoio de outros parlamentares:
· Deputado Julio Mendonça (PCdoB): O deputado Julio Mendonça foi o primeiro a se manifestar, relembrando a "luta" de Ricardo e Mercial na eleição de Gilson: "Deputado Ricardo Arruda, nós conhecemos aqui já o seu trabalho nesta Assembleia, nesta casa, sabemos a preocupação e de fato seu empenho em fazer um grande mandato, e eu tive a oportunidade inclusive de testemunhar a sua participação na luta pela eleição do prefeito de Grajaú. Tanto você quanto seu pai, de fato, ali, inclusive com a mudança de candidato, era o Luis Fernando. Então foi uma luta muito grande [...]" Mendonça enfatizou o desapontamento com o rompimento precoce: "De fato não é fácil você apostar numa eleição, você se envolver, colocar o coração, colocar suas expectativas e de fato com menos de 3 meses de mandato ter esse desfecho [...]". O deputado classificou a atitude como "traição", afirmando: "a traição é uma coisa muito grave na política que geralmente o povo não perdoa".
· Catulé Junior (PP): O deputado Catulé Junior classificou o rompimento como "traição", uma das "situações mais abjetas" da política, e compartilhou uma experiência pessoal semelhante: "Uma das situações mais abjetas que eu acho da política é a traição, e eu falo com conhecimento de causa, porque também fui vítima de uma situação parecida com a sua na minha cidade [...]". Catulé Junior finalizou com uma frase forte: "O poder não muda as pessoas, o poder apenas mostra quem elas são realmente".
· Yglésio Moyses (PRTB): Yglésio Moyses foi incisivo em suas críticas, chamando a atitude de Gilson de "vergonhosa" e relembrando o apoio dado na eleição: "Nós sabemos o quão determinante foi e o quão [...] vergonhoso é ver alguém que há poucos meses foi tão ajudado, que foi retirado do território das impossibilidades eleitorais pra ser alçado à condição de prefeito da cidade de maneira tão precoce e já expressando o que há de pior na natureza humana que é esse espírito de traição. A política aprecia a traição, mas tem ojeriza profunda aos traidores". Em tom descontraído, afirmou lançar a pré-candidatura de Ricardo Arruda a prefeito em 2028, usando a frase: " e já hipoteco aqui o seu nome para 2028 na cidade de Grajaú, já faço o lançamento da sua pré-candidatura aqui na Assembleia, viu”.
Em resposta, Ricardo Arruda afirmou: "o povo é justo, o povo reconhece [...] e que venham os próximos capítulos. Temos uma eleição em 2026, temos outra em 2028 [...] o povo sabe analisar, avaliar, e assim como o povo reconheceu o prefeito Mercial dando uma votação expressiva ao atual prefeito [...] eu tenho certeza que o povo também não perdoará essa traição política [...]".
Arnaldo Melo (PP): Arnaldo Melo expressou "profunda tristeza" e disse estar "assustado" com a ruptura "tão traumática". Ele destacou a longa trajetória de Mercial Arruda: "É com profunda tristeza que ouço o pronunciamento de Vossa Excelência nessa manhã na Assembleia Legislativa. Primeiro registro é a amizade que tenho há muitos anos como colega de plenário em vários mandatos com o ex-deputado, ex-prefeito, ex-secretário de Estado, um homem com muito trabalho no Maranhão, Mercial Lima de Arruda, vosso pai. É um homem que tem uma história realmente laboriosa [...]". Melo também ponderou: “Mas não sei se estou equivocado, mas eu ainda alimento a possibilidade de um entendimento, de uma reflexão, e que cada um compreenda a limitação do outro, que compreenda a necessidade de um sinergismo de força política naquele município, entre os vereadores, secretários, o prefeito atual, o ex-prefeito, que tem muito a nos ensinar, e Vossa Excelência como Deputado[...]".
A respeito da possibilidade de reconciliação ventilada pelo Deputado Arnaldo Melo, Ricardo Arruda respondeu: “da nossa parte a porta permanece aberta [...] Nós até o último momento buscamos essa conciliação [...] até porque nós entendemos que os interesses do município estão muito acima de eventuais diferenças pessoais [...] e isso foi dito a prefeito na véspera do rompimento [...] Meu pai sempre foi homem do diálogo, assim como eu também sempre fui[...]”.
A sessão da ALEMA traz um fato novo: Ricardo Arruda pela primeira vez usou o termo traição: Afirmou que "traições políticas" são comuns e enfatizou: "Como Vossa excelência mesmo colocou, não foi a primeira e nem será a última traição política que presenciamos, mas o que mais me dói, o que mais me revolta é querer macular a história política do meu pai, querer justificar esse rompimento e dizer que recebeu uma prefeitura inviável [...] colocando a culpa num político íntegro [...]". E afirmou categoricamente: "O legado do meu pai [...] isso eu defendo com unhas e dentes".
Próximos Passos
Os discursos na Assembleia Legislativa evidenciam o acirramento da crise política em Grajaú. O futuro da relação entre o prefeito e seus ex-aliados, e o impacto da crise na administração municipal, permanecem incertos.
