O presidente Lula (PT), junto de outras lideranças internacionais, condenaram nesta quarta-feira (26) a tentativa de golpe de Estado na Bolívia, acrescentando esperar que a democracia prevaleça em toda a América Latina.
"A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão, presidido por Luis Arce", escreveu o brasileiro em rede social.
Entre outros políticos que se manifestaram estão os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, do Chile, Gabriel Boric, e do Paraguai, Santiago Peña, além do ex-presidente argentino Alberto Fernández e o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro também divulgou nota condenando a ação dos militares bolivianos, a qual descreveu como uma "grave violação da ordem constitucional na Bolívia", e disse estar em interlocução com as autoridades do país para reafirmar compromisso com a democracia.
Lula tem uma viagem prevista para a Bolívia, para a cidade de Santa Cruz de La Sierra. Ele iria se encontraria com Arce em território boliviano, após participar da reunião de chefes de Estado do Mercosul, no dia 8 de julho. Segundo interlocutores, a viagem deve ser mantida.
Mais cedo, Lula havia dito que tinha informações precisas sobre o episódio na Bolívia, mas afirmou que "golpe nunca deu certo".
Já no rol de líderes internacionais, o ex-presidente Fernández afirmou repudiar a tentativa de ruptura institucional, seguido por Obrador, pela presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, por Peña e pelo premiê espanhol, Pedro Sánchez
Militares das Forças Armadas da Bolívia tomaram nesta quarta-feira (26) a praça em La Paz onde fica o palácio presidencial, e soldados liderados por um general destituído do comando do Exército na terça (25) adentraram o prédio.
O presidente boliviano, Luis Arce, ordenou que o general Juan José Zúñiga desmobilizasse as tropas imediatamente e em seguida demitiu os três chefes das Forças Armadas e nomeou seus substitutos. O novo comandante do Exército repetiu a ordem para que as tropas se retirassem.
Auxiliares avaliam que uma condenação do fórum regional pode desencorajar eventuais setores golpistas em outros países latino-americanos. A Celac, porém, é um órgão fraturado e tem tido sua atuação questionada por diferentes governos. Uma recente reunião da Celac sobre a crise diplomática entre México e Equador terminou esvaziada e sofreu um boicote de Argentina, Costa Rica,. Uruguai, Paraguai e Peru.
O embaixador da Bolívia no Brasil, Horacio Villegas, disse que a mobilização da comunidade internacional foi importante para o fracasso da tentativa de golpe. "A reação da comunidade internacional foi muito contundente e rápida por parte de praticamente todos os presidentes da América Latina. Inclusive do governo de Irã, da China, dos governos europeus, então isso também enfraqueceu o movimento golpista", disse à Folha.
Veja a seguir as repercussões entre lideranças políticas sobre o golpe na Bolívia:
A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão, presidido por Luis Arce
A revolta antidemocrática de algumas unidades do Exército boliviano merece apenas o mais enérgico repúdio. Meu apoio incondicional ao presidente Luis Arce e apelo à firme defesa da democracia. Não permitamos que a vontade do povo seja subjugada
Do Chile expresso minha preocupação pela situação na Bolívia. Expressamos o nosso apoio à democracia no nosso país irmão e ao governo legítimo de Luis Arce. Condenamos veementemente a inaceitável ação de força por parte de um sector do exército daquele país
Expressamos a mais veemente condenação à tentativa de golpe de Estado na Bolívia. Nosso total apoio e apoio ao presidente Luis Arce, autêntica autoridade democrática dessa cidade e país irmão
A revolta de algumas unidades das Forças Armadas bolivianas é um ataque à democracia. Condenamos veementemente estes acontecimentos. Nosso apoio incondicional ao presidente Luís Arce e ao seu povo
O Paraguai condena as mobilizações irregulares do Exército boliviano denunciadas pelo presidente Luis Arce. Fazemos um forte apelo ao respeito pela democracia e pelo Estado de Direito
A Espanha condena veementemente os movimentos militares na Bolívia. Enviamos ao governo da Bolívia e ao seu povo o nosso apoio e solidariedade e apelamos a que respeitem a democracia e o Estado de direito
Da Venezuela denunciamos e rejeitamos veementemente a tentativa de golpe contra a democracia boliviana; forças que traíram o seu juramento de lealdade sitiam o Palácio Presidencial em La Paz
O Uruguai condena energicamente as tentativas de desestabilização democrática e institucional na Bolícia e apela ao respeito da ordem constitucional estabelecida legitimamente no país
O governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país
Depois de horas de tensão, os soldados obedeceram e deixaram a Praça Murillo, sede da Presidência da Bolívia. De acordo com a agência de notícias Reuters, policiais comuns já tem o controle da região.