O médico-cirurgião João Batista do Couto Neto, de 46 anos, foi preso na quinta-feira (14) em Caçapava, no interior de São Paulo. Ele é investigado por 140 erros médicos, incluindo a morte de 42 pacientes no Rio Grande do Sul. Veja o que se sabe sobre o caso:
O que apontam as investigações
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul começou a investigar o caso após denúncias de pacientes. Em janeiro, o delegado Rafael Sauthier, que estava à frente do caso, disse à Folha de S.Paulo que 76 ocorrências haviam sido registradas. O titular da investigação é o delegado Tarcísio Kaltbac.
Os relatos apontam casos de infecção generalizada, trombose, embolia pulmonar e até demência após a realização de procedimentos pelo cirurgião. O médico atuava em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre.
Segundo a polícia, Couto Neto realizava a cirurgia em um órgão e acabava perfurando outro. Testemunhas disseram que pacientes que tinham complicações após os procedimentos eram tratados com descaso.
O médico chegava a fazer até 25 cirurgias em um único turno. Segundo a polícia, um dos objetivos do profissional seria aumentar os ganhos financeiros, o que impedia que ele desse o tratamento adequado dos pacientes.
As investigações apontaram que Couto Neto fazia cirurgias de hérnia, vesícula e refluxo. Muitos procedimentos, porém, teriam sido realizados sem a autorização dos pacientes.
Em um dos casos, por exemplo, o médico teria cobrado pela retirada do útero de uma paciente com endometriose, mas não fez o procedimento.
Os três primeiros indiciamentos do médico dizem respeito às mortes de dois homens e de uma mulher.