Ouvir rádio

Pausar rádio

Offline
PARA MULHER URNAR EM PÉ - Mijol funis para urinar em pé funcionam e vêm com estojo para serem guardados
06/11/2023 13:07 em NOTÍCIA

Flávia Boggio, colunista da Folha, testou versões vendidas pela internet.

SÃO PAULO

 

 

Segundo uma das teorias de Sigmund Freud, assim que tomassem consciência de sua anatomia as mulheres passariam a sentir inveja do pênis.

A visão do pai da psicanálise já foi contestada e desmentida ao longo do século. Mas uma coisa não há como negar: se em algum momento quem tem vagina já invejou o pênis, foi pela praticidade de urinar quando não há um banheiro decente por perto.

Para essas pessoas com vagina, fazer xixi em um vaso desconhecido é um malabarismo que exige força, pontaria e fôlego para segurar a respiração em ambientes insalubres.

 

No início do mês, uma reportagem da Folha apresentou empresas que desenvolvem funis anatômicos para que mulheres (e pessoas com vagina) urinem em pé. As marcas, com nomes espirituosos como Pipizito e E.Pipi, oferecem opções de produtos reutilizáveis e descartáveis, alguns com material biodegradável.

Eu perdi a conta de quantos banheiros insalubres, com dejetos sólidos até na parede, frequentei em bares, shows, rodoviárias, corridas de rua e postos de gasolina. Por isso, saí em busca de marcas e modelos de funis para fazer um test drive nos mais diversos banheiros de São Paulo.

 

O primeiro passo foi procurar nas farmácias. Como nenhum dos atendentes conhecia o produto, tive que descrever com a ajuda de mímicas. Não encontrei o apetrecho, mas garanti a diversão dos funcionários. Então comprei pela internet modelos de quatro marcas diferentes.

Para evitar saias justas e calças molhadas, estreei os funis no banheiro de casa. Diferentemente de pessoas com pênis, que só precisam abrir uma parte do zíper e sacar o funil natural, tive que abaixar um pouco mais a calça para garantir o encaixe do produto. Então, não recomendo usar em ambientes públicos porque, além do risco do traseiro exposto, há chances de ter problemas com a polícia.

O primeiro teste foi com os modelos da marca Pipizito. Encomendei dois: um descartável, com papel e cola biodegradáveis (R$ 9,90 a caixa com três unidades), e o reutilizável, feito de plástico (R$ 39,90). Com uma estrutura desmontável, o funil vem com um estojo que permite guardar o produto sujo (uma vantagem, já que não é de bom-tom lavar o apetrecho na pia do banheiro compartilhado).

Comecei com a versão reutilizável e o xixi saiu surpreendentemente bem pelo buraco, sem incidentes. Enquanto testava, meu marido apareceu para me avisar que esqueci de levantar o assento da privada. A vida dá voltas.

Aproveitei um happy hour no Bar Pirajá para testar a versão descartável. O produto vem dobrado e se transforma em um funil de papel. Não é tão anatômico quanto o de plástico, mas é menor e mais fácil de transportar. E a urina desceu até o vaso sem incidentes.

A segunda marca testada, E.Pipi (R$ 32 a caixa), produz funis descartáveis e recicláveis. Cada caixa contém 10 envelopes pequenos lacrados, cada um com um funil de papel dobrado e um lencinho para limpeza. Foi uma grata surpresa, já que banheiros insalubres, quase sempre, não possuem papel higiênico.

Para testá-los, utilizei o sujo banheiro de um bar de espetinhos do meu bairro. Um dos meus filhos, de 3 anos, estava junto e ficou impressionado. Não sei qual conclusão Freud tiraria do que é para um menino ver a própria mãe com um pênis de papelão. Só o futuro poderá dizer.

Feito de papel reciclável, o material é um pouco mais mole que a versão da Pipizito e possui uma película impermeabilizante, o que garante que o xixi não escape ou penetre no papel. A experiência foi bem-sucedida e, como o local não tinha papel, o lencinho me salvou.

Com o nome não tão charmoso, a Mijol (R$ 18,44), terceira marca testada, também é um produto em formato funil reutilizável. Por ser de silicone, é mole e chegou com o bocal amassado. Ao usá-lo no banheiro de um restaurante, tive que apertar o topo para garantir que ficasse redondo.

O mesmo aconteceu com um funil urinário genérico (R$ 20,23), fabricado na China e adquirido no Mercado Livre. O material, de qualidade inferior à do Pipizito, tornou a experiência um pouco menos agradável.

Após muitos testes, meu veredicto foi para a versão do Pipizito reutilizável, com estojo, que permite guardá-lo na bolsa do dia a dia ou no carro. Para sair com uma bolsa menor em bares, carnavais e eventos públicos, recomendo levar os envelopes da E.Pipi.

Vale lembrar que os funis permitem urinar de pé, mas não dão o poder de soltar jatos de urina à distância. Às pessoas com vagina, é recomendável se aproximarem bem do vaso para urinar. E não se esqueçam de levantar o assento.

 

 
COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!