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União Brasil muda jogo da terceira via e obriga Moro a reduzir a ambição
Política
Publicado em 13/04/2022

Ao anunciar Luciano Bivar como pré-candidato do União Brasil à Presidência da República, bancada do partido sepulta possibilidade de Sergio Moro disputar o cargo. Um comunicado oficial da sigla deve ser feito nesta quinta (14). 

A declaração pegou Moro durante viagem ao Rio Grande do Sul, em que participa de eventos. Até agora, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro tem se colocado em palestras e discursos como candidato ao Palácio do Planalto. Mas Moro está desgastado. 

Seu desempenho ruim nas pesquisas, a saída repentina do Podemos — em que deixou um rastro de ressentimentos e dívidas e a pregação a favor da antipolítica que desagrada colegas, enfraqueceram as possibilidades de que ele seja um nome viável para uma terceira via. Nos primeiros meses como possível candidato, Moro conseguiu apenas aumentar a sua rejeição. Usou a política para se promover mas atuou com práticas duvidosas, causando desconfiança. 

O que se apresenta com mais força ao ex-juiz é a candidatura a deputado federal por São Paulo, oportunidade mais adequada ao seu tamanho político. É também uma jogada interessante para o União Brasil no xadrez eleitoral: Moro disputaria com nomes fortes como Guilherme Boulos (PSOL) e Eduardo Bolsonaro (PL) e atuaria como um puxador de votos para a nova sigla, fusão entre o DEM e o PSL, que encolheu com a janela partidária. 

São as voltas que a política dá. As eleições majoritárias ainda são muito maiores do que a envergadura atual do ex-juiz. Encolhido a seu tamanho, uma boa atuação de Moro na Câmara, caso seja eleito, faria com que ele saísse maior do que entrou. 

Pessoalmente, a disputa a deputado federal também pode ser melhor opção. A política é o que resta ao ex-juiz, que abriu mão da carreira na Justiça ao assumir o ministério de Bolsonaro e perdeu credibilidade diante das reações negativas sobre sua atuação na Lava Jato. Perdeu tudo, mas pode sair vencedor. Isso se Moro demonstrar alguma habilidade entre os deputados, caso seja eleito. 

O foro privilegiado lhe interessa. A concorrência com Boulos e Eduardo pode lhe render votos valiosos para reposicionar sua relevância — que na competição pela Presidência é mínima. "Ele está em uma situação política muito complicada, de quem cometeu erros políticos", disse o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (União-MS) , nesta segunda (11). O próprio Mandetta, que tinha pretensões de se candidatar ao Senado, talvez tenha que rever sua estatura e voltar a pleitear uma vaga na Câmara dos Deputados. 

Há um ano, Mandetta e Moro se expressavam como potenciais nomes à Presidência, seriam respostas do campo "nem Lula, nem Bolsonaro". Hoje, ambos precisaram reduzir expectativas para tentar uma entrada no tabuleiro mais apropriada à realidade e menos ao ego. É esse mesmo dilema que se impõe aos candidatos de hoje da terceira via, como Simone Tebet (MDB), Eduardo Leite (PSDB) e João Doria (PSDB): a chegada de Luciano Bivar à disputa pressiona a decisão por uma candidatura única e uma possível coligação com o União Brasil, que pode ser inevitável. 

Quanto mais o calendário eleitoral se estabelece, mais a realidade se coloca. Ganha quem for mais hábil. 

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