"Estamos dando uma demonstração muito forte ao Brasil hoje", seguiu Lula, referindo-se à aliança entre antigos rivais. O movimento foi defendido como necessário para superar Jair Bolsonaro (PL).
"Este dia para mim é importante. Alckmin, eu tenho certeza que o Partido dos Trabalhadores irá aprovar o seu nome como candidato a vice", disse o ex-presidente. "Você será recebido como um velho companheiro dentro do nosso Partido dos Trabalhadores."
Lula ressaltou que já foi adversário de Alckmin e de outros tucanos, mas que o tratamento entre eles sempre foi civilizado. "Ninguém tem mais experiência em ser vice do que o Alckmin, ele foi vice do Mário Covas, um companheiro turrão", continuou.
"É plenamente possível duas forças com projetos diferentes, mas com princípios iguais, se juntarem em um momento de necessidade do povo. [...] Temos que provar à sociedade brasileira que o Brasil está precisando de amor e não de ódio", disse o petista.
"Essa chapa, se for formalizada, não é só para disputar as eleições. Talvez ganhar seja mais fácil do que a tarefa pela frente de recuperar esse país", completou Lula, ressaltando que irá se "dedicar de corpo e alma".
O ex-presidente afirmou ainda que o PSB irá participar da elaboração do programa de governo e da montagem do governo, se a chapa for vitoriosa. "Antes disso, a gente vai ter que combinar como ganhar as eleições", disse.
Em seu discurso, Alckmin falou em grandeza política e desprendimento. "A política não é uma arte solitária. A força da política é centrípeta. Nós vamos somar esforços para a reconstrução do nosso país", disse o ex-governador.
"É lamentável, presidente Lula, eu que entrei na vida pública como o senhor lá atrás para redemocratizar o Brasil, nós termos hoje um governo que atenta contra a democracia e atenta contra as instituições. [...] O inverso de boas instituições é a autocracia. [...] O resultado é a maior crise das últimas décadas", completou.
Da parte do PT, além de Lula e da presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, participaram os deputados federais José Guimarães (CE), Paulo Teixeira (SP) e Reginaldo Lopes (MG); o senador Paulo Rocha (PA); o deputado estadual Emidio de Souza; o secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto; e o presidente da fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante.
A comitiva do PSB incluiu Alckmin; o presidente da sigla, Carlos Siqueira; o ex-governador Márcio França; os deputados federais Danilo Cabral (PE) e Alessandro Molon (RJ); o prefeito João Campos; o governador Paulo Câmara (PE); o deputado estadual Caio França; e o ex-prefeito Jonas Donizette.
A indicação também foi formalizada em carta do PSB ao PT. "Essa proposição não se limita apenas ao aspecto eleitoral e envolve uma dimensão programática", diz o texto.
Segundo a carta, "a composição de uma frente ampla exige a formulação de um programa que corresponda às perspectivas das forças que a compõem, tanto em termos políticos partidários quanto o que se refere aos segmentos da sociedade civil que tal frente pretende representar".
Na prática, o PSB reivindica participação na campanha e no programa de governo do PT. O documento afirma ainda que o PSB apresentará um programa e petende que ele seja incorporado na plataforma de Lula.
Segundo o PSB, "a democracia não pode ser uma fórmula vazia" e é preciso assegurar cultura, saúde, educação e prosperidade aos brasileiros. "Apenas uma [chapa], contudo, pode entregar à população o muito que, com toda legitimidade, ela exige. Temos convicção de que esta chapa é a que se consolidará com as candidaturas dos companheiros Lula e Geraldo Alckmin."
A carta, assinada pelo presidente do PSB, afirma que "o que estará em questão na eleição de 2022 é o confronto decisivo entre democracia e autoritarismo".
Embora a federação não tenha vingado, já havia a garantia de que o PSB apoiaria Lula e de que o acordo para que Alckmin ocupasse a vice estaria preservado apesar das divergências entre as siglas nos estados, sobretudo em São Paulo.
Alckmin comandou o governo paulista entre os anos de 2001 a 2006 e entre os anos 2011 a 2018, por quatro mandatos. Ele assumiu o cargo pela primeira vez devido à morte de Mário Covas, de quem era vice-governador, e no ano seguinte se reelegeu para comandar o estado paulista.