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'Seríamos uma republiqueta' sem ditadura, diz Bolsonaro sobre golpe de 1964
Política
Publicado em 31/03/2022

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje, durante cerimônia na qual oficializou a saída de ministros para a disputa das eleições, que o Brasil seria uma "republiqueta" se não fossem as obras do "governo militar", se referindo ao período em que o país viveu sob ditadura. 

“O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Nada! Seríamos uma republiqueta”. 

 

Brasil viveu os momentos mais duros da sua história recente na época da ditadura militar, que durou 21 anos, entre 1964 e 1985. O período foi marcado por torturas e ausência de direitos humanos, censura e ataque à imprensa, baixa representação política e sindical, precarização do trabalho, além de uma saúde pública fragilizada, corrupção e falta de transparência. 

A declaração de Bolsonaro ocorre no dia em que o golpe militar completa 58 anos e um dia após o Ministério da Defesa, chefiada pelo general Braga Netto, divulgar ordem do dia dizendo que a ditadura "fortaleceu a democracia" e foi "um marco histórico da evolução da política brasileira". 

"Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional", escreveu o ministro. 

Além disso, o ministro diz no texto que o golpe combateu "os ideais antidemocráticos da intentona comunista". Braga Netto afirmou, ainda, que as instituições se fortaleceram e "as Forças Armadas acompanharam essa evolução". 

As menções sobre o golpe voltaram a acontecer no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Logo no início de seu primeiro mandato, em 2011, Dilma Rousseff (PT) determinou que o dia em questão não fosse mais "comemorado". Antes disso, entre o início da redemocratização no Brasil e o fim do segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2010, os militares sempre lembravam a data. 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, inclusive, já trataram da possibilidade de uma nova intervenção militar, justificando as falas com o artigo 142 da Constituição de 1988 - que não dá às Forças Armadas a função de atuar como moderador dos outros Poderes. Recentemente, o presidente voltou a elogiar o coronel Carlos Brilhante Ustra, que atuou na ditadura militar, depois foi declarado torturador pela Justiça e morreu em 2015. 

O ministro da Defesa é cotado para ser o vice na chapa presidencial de Bolsonaro. Em entrevista à Jovem Pan, há 10 dias, o presidente disse que já tinha escolhido seu vice e que o nome era de alguém de Belo Horizonte com formação militar. Braga Netto é natural da capital mineira e se formou pela Academia Militar de Agulhas Negras. 

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