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Bolsonaro resiste a demitir Milton Ribeiro, e aliados temem efeitos na eleição
Política
Publicado em 26/03/2022

BRASÍLIA 

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) diz que colocaria a cara no fogo pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, aliados admitem, reservadamente, que o caso é ruim para a imagem do mandatário e temem que possa afetar a campanha eleitoral. 

Um aliado que o presidente precisará tomar providências diante da avaliação de que o escândalo escalou de forma rápida. 

Em outra frente, evangélicos aliados do Planalto defendem que o ministro se licencie do cargo enquanto as investigações estão em andamento. O pastor Silas Malafaia disse que este seria um "caminho bom". 

"Se ele não tem nada, volte [ao cargo]. Se tem alguma coisa, que pague o preço. Acho que não tem nenhum problema ele se licenciar enquanto se vê isso", disse. 

Apesar de admitir que é grave a crise no MEC, o entorno do Bolsonaro avalia que dificilmente Ribeiro deixará o comando da pasta. 

Uma das principais bandeiras da campanha de Bolsonaro é dizer que não houve corrupção em seu governo. Interlocutores minimizam o caso ao colocá-lo em perspectiva com outros que consideram mais delicados, como o petrolão. Dizem, porém, que terão de acompanhar o desdobramento das acusações diariamente. 

Há a preocupação de passar a imagem de que o Planalto reconheceu eventuais irregularidades, o que, de acordo com auxiliares de Bolsonaro, ainda não está comprovado. O caso está sob apuração da PF (Polícia Federal). 

Além disso, o ministro conta com a confiança da família presidencial, em especial da primeira-dama Michelle Bolsonaro. 

Ribeiro ganhou sua confiança ao dar atenção a temas caros, como projetos ligados a deficientes auditivos, segundo relatos de integrantes do governo. 

Quem conversou com o ministro nos últimos dias disse não ter sentido dele nenhuma disposição de pedir demissão ou entrar em licença. Integrantes do governo não descartam, porém, que a escalada da crise aumente a pressão, sobretudo no núcleo familiar do ministro, que o leve a pedir para sair. 

A licença, avaliam integrantes do segmento evangélico, seria uma forma de dar uma saída honrosa a Ribeiro. Eles reconhecem, porém, que licença seria apenas um outro nome dado à demissão e que o ministro não retornaria à pasta. 

Junto ao presidente, o ministro representa um importante filtro ideológico na pasta. De acordo com palacianos, durante sua gestão, ele levou nome a nome das indicações de reitores com suas fichas corridas a Bolsonaro para analisarem juntos quem estaria de acordo com os critérios. 

Na festa de aniversário de Bolsonaro no Palácio do Planalto, nesta semana, depois que o caso dos pastores já tinha surgido, Ribeiro fez uma oração pelo presidente ao microfone. 

Na transmissão semanal desta semana, na quinta-feira (24), o chefe do Executivo disse que é "covardia" o que estão fazendo com o ministro. 

"O Milton, coisa rara de eu falar aqui: eu boto minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia contra ele", disse, durante sua live. 

Esta foi a primeira vez que Bolsonaro se manifestou sobre o tema. 

Em entrevistas na quarta-feira, Ribeiro disse que conversou com o mandatário logo depois o ministro diz priorizar pedidos dos pastores Arilton Moura e Gilmar dos Santos, por solicitação do presidente. 

Segundo o ministro, Bolsonaro teria dito não ter visto nada demais na gravação. 

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