BRASÍLIA - O prefeito de Luis Domingues, no Maranhão, Gilberto Braga (PSDB), declarou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que o pastor Arilton Moura – ligado a uma espécie de gabinete paralelo no Ministério da Educação -, solicitou R$ 15 mil antecipados para protocolar demandas do Município na pasta, além de um quilo de ouro após a liberação de recursos da ordem de R$ 10 milhões.
A verba seria destinada à construção de escolas e creches. Na cotação atual, um quilo de ouro vale pouco mais de R$ 304 mil.
“Ele (Arilton Moura) disse: ‘Traz um quilo de ouro para mim’. Eu fiquei calado. Não disse nem que sim nem que não. Ele disse que tinha que ver a nossa demanda. De R$ 10 milhões ou mais, tinha que dar R$ 15 mil para ele só protocolar [no MEC]. E na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era para dar um tanto X. Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu um quilo de ouro”, afirmou o prefeito à reportagem do Estadão. Braga garante não ter aceitado a proposta.
Segundo a reportagem, a conversa teria ocorrido em abril do ano passado, durante um almoço no restaurante Tia Zélia, em Brasília, logo após uma reunião com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, na sede do ministério.
Ainda segundo Braga, em nenhum momento Arilton pediu segredo, e fez a proposta em meio a todos os presentes. O encontro tinha, conforme ele, a presença de outros prefeitos do Pará, e o pastor teria dado exemplos de quantos milhões ele teria conseguido liberar em verbas do MEC para eles.
A reportagem do Estadão também levantou a informação de que, durante esse encontro, o pastor teria passado os dados da sua conta corrente para que os prefeitos pudessem fazer os repasses de R$ 15 mil. Com as demandas em mãos, Arilton protocolaria junto ao ministério após o pagamento. O prefeito Gilberto Braga, no entanto, disse não ter tido sucesso no processo por não ter depositado a quantia.
Aliados - A denúncia do prefeito maranhense surge em meio à revelação de um áudio, divulgado na terça-feira (22) pelo jornal Folha de S. Paulo, em que o ministro Milton Ribeiro surge afirmando que o governo prioriza a liberação de verbas federais a prefeitos ligados a pastores que, mesmo sem cargos, atuam em uma espécie de gabinete paralelo do MEC.
"Foi um pedido especial que o Presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", diz o Ribeiro no áudio divulgado.
Ribeiro nega irregularidade, mas admite ter-se encontrado com os pastores citados pela Folha. Ele isenta, contudo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) de pedir "atendimento preferencial" a eles. "[Bolsonaro] não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem", ressaltou.