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Ucrânia diz que Rússia tomou o controle da maior usina nuclear da Europa
04/03/2022 09:30 em NOTÍCIA

Autoridades ucranianas afirmaram hoje que forças russas assumiram o controle da usina nuclear de Zaporizhzhia, localizada em Energodar, no sudoeste do país, e considerada a maior do tipo na Europa. Um incêndio atingiu o local após uma série de bombardeios russos, mas já foi controlado. Não há registro de vazamento de radiação no local. Três militares ucranianos morreram e outros dois ficaram feridos. Hoje, a invasão russa ao território ucraniano chega ao nono dia.

A Rússia, porém, responsabilizou a Ucrânia, dizendo que militares do país incendiaram um prédio da usina. Os russos alegam que controlam a central nuclear desde o final de fevereiro.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, declarou que Moscou apelou para "terrorismo nuclear" ao bombardear a usina e que os russos quererem "repetir" a tragédia nuclear de Chernobyl, ocorrida em 1986. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) criticou os russos pela ação contra a central nuclear.

Nesta sexta (4), há também relatos de destruição de equipamentos militares das forças russas por parte de ucranianos em algumas regiões do país.

Uma reunião do G7 —grupo que reúne Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Canadá, Alemanha e Japão— está prevista para hoje para discutir a situação na Ucrânia.

Usina ocupada

O exército russo ocupou a área da usina nuclear de Zaporizhzhia, informa a agência de inspeção de usinas atômicas da Ucrânia, que informou não ter detectado um vazamento radioativo. "O território da central nuclear de Zaporizhia está ocupado pelas Forças Armadas da Federação Russa", afirmou a agência estatal ucraniana.

A agência informou ainda que "funcionários operacionais controlam os blocos de energia e garantem seu funcionamento de acordo com as exigências das regulamentações técnicas e de segurança". Dos seis reatores, o primeiro está fora de operação, os números 2, 3, 5 e 6 estão em processo de resfriamento e o 4 permanece em operação.

A usina de Zaporizhzhia fica a 150 quilômetros ao norte da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. As autoridades ucranianas haviam informado nas primeiras horas desta sexta-feira que forças russas atacaram a usina e que um prédio de cinco andares ao lado dela estava em chamas em decorrência dos bombardeios. O fogo foi controlado.

Autoridades nucleares ucranianas informaram ainda que nenhum vazamento de radiação foi detectado após as chamas. "Alterações na situação da radiação não foram registradas."

Receio

O temor em razão do ataque à usina era sobre o que poderia acontecer. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse que, se ela explodisse, seria "dez vezes maior que Chernobyl".

A IAEA (sigla em inglês para Agência Internacional de Energia Atômica) afirmou que não houve mudança nos níveis de radiação reportados. A usina de Zaporizhzhia gera 25% da eletricidade da Ucrânia e era protegida pelo exército do país com barricadas.

Segundo o diretor da IAEA, Rafael Grossi, a situação na região da usina é difícil. "Neste momento, temos uma normalidade anormal, se posso dizer dessa maneira."

Para Zelensky, "a Europa precisa acordar". Segundo o presidente, a Ucrânia tem 15 reatores nucleares e, "se houver uma explosão, é o fim para todo mundo". "Não deixem a Europa morrer em uma catástrofe nuclear."

Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg disse que ação russa é irresponsável e precisa acabar. Segundo Stoltenberg, os aliados da Otan implementaram "sanções sem precedentes" e forneceram suporte para a Ucrânia, embora ressalte que a organização "não faz parte desse conflito". "A Otan é uma aliança defensiva. Não buscamos guerra, conflito com a Rússia."

A Otan é uma das causas para a Rússia entrar em conflito com a Ucrânia, que deseja fazer parte do grupo. Para os russos, isso representa uma ameaça.

Ataque ao exército russo

Comunicado das Forças Armadas da Ucrânia na manhã de hoje anunciou que em Zatoka, na região de Odessa —área portuária, no sul do país, considerada estratégica no conflito—, uma aeronave militar russa foi abatida. O piloto, que conseguiu se ejetar, é procurado por forças ucranianas, que dizem que infraestruturas militares eram alvos da aeronave.

Outra aeronave russa foi abatida em Volnovakha, na região de Donetsk, no leste, segundo as Forças Armadas da Ucrânia.

Na região de Brovary, a cerca de 25 quilômetros da capital, Kiev, ao norte do país, o exército russo foi atingido, sendo que quatro veículos blindados e dois tanques foram destruídos, segundo o exército ucraniano.

"O inimigo esconde seu equipamento entre as casas dos civis. Roubar lojas. Está furioso. Porque ele vê sua técnica, que virou sucata, e sabe que o mesmo destino o espera! Glória à Ucrânia", escreveram as Forças Armadas.

Em Sumy, a cerca de 330 quilômetros a leste de Kiev, equipamentos russos que estavam rumo à capital também foram destruídos

"Este é o equipamento russo que ia para Kiev. Conseguimos pará-lo na região de Sumy", relatou o chefe da Administração Militar regional de Sumy, Dmytro Zhyvytskyi

O presidente Zelensky divulgou um vídeo nesta manhã em que diz que o país "está lutando contra um inimigo poderoso que nos supera em número, na quantidade de equipamentos". "Mas que está a milhares de anos-luz de distância das pessoas normais que têm dignidade. Vivenciamos uma noite que poderia ter parado a história da Ucrânia e da Europa", disse, mencionando o ataque à usina.

Ataque a escola

Segundo o serviço de emergências da Ucrânia, uma escola foi bombardeada em Zhytomyr, a cerca de 150 quilômetros a oeste de Kiev. "Houve destruição no prédio sem posterior incêndio", diz o relato do serviço. Segundo as informações iniciais, não há vítimas

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL

Tensão em Kiev

Na capital, a noite passou tranquilamente, mas ao som de sirenes, segundo relato da administração local. "Os cidadãos são convidados a não sair de casa desnecessariamente para descer ao abrigo a tempo", diz o comunicado

Nesta manhã, as sirenes já foram acionadas novamente. Segundo a prefeitura de Kiev —que pede para que os alertas não sejam ignorados pela população—, "agora a cidade vive em estado de guerra". "A cidade continua se preparando para a defesa. Há cada vez mais postos de controle, bloqueios restritivos e ouriços nas ruas", diz texto divulgado pela administração local.

Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, o principal objetivo da Rússia ainda é cercar Kiev e enfraquecer a resistência ucraniana. Elas relatam que, "no processo de implementação desta tarefa", o exército russo esgotou uma grande parte das reservas operacionais. Agora, começam a transferir forças e recursos adicionais a pontos no sul e no leste ucraniano

Mortes em Chernihiv

Os ataques aéreos da Rússia contra a cidade de Chernihiv, ontem, mataram ao menos 47 civis, segundo a administração local. Entre os mortos, estão 38 homens e 9 mulheres.

Mariupol sitiada

O governo ucraniano diz que Mariupol —cidade portuária considerada estratégica no conflito—está parcialmente sitiada.

Em publicação nas redes sociais, a Guarda Nacional da Ucrânia disse que os russos estão usando a "tática de bombardear constantemente a cidade para destruir a sua infraestrutura, incluindo as ferrovias". "Ao mesmo tempo, o bombardeamento está ocorrendo até em prédios residenciais, escolas, creches."

Kherson ocupada

Cidade tomada pelos russos no sul do país, Kherson já recebe canais de veículos de comunicação russos. Segundo relatos da imprensa ucraniana, nesta manhã, os ocupantes começaram a transmitir 24 canais de TV russos e 3 canais de rádio.

Há também relatos de que a rede móvel de internet teria sido afetada na cidade.

Reuniões

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) para tratar da guerra na Ucrânia. Johnson afirmou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pode "ameaçar a segurança de toda a Europa".

Nesta manhã, membros do G7 irão se reunir virtualmente para debater a situação na Ucrânia. "Vamos trocar opiniões sobre como lidar (a situação atual na Ucrânia) e planejamos fortalecer a coordenação do G7 sobre o assunto", disse o Ministério das Relações Exteriores do Japão.

Do UOL*, em São Paulo

04/03/2022 05h11Atualizada em 04/03/2022 09h03

 

 

 

 

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