O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem reunião marcada às 11h30 desta segunda-feira (7) com os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e Edson Fachin, no Palácio do Planalto.
Segundo o UOL apurou, os ministros irão encontrar Bolsonaro de forma protocolar para entregar a ele o convite para a cerimônia de posse do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no dia 28 deste mês, na qual Fachin e Moraes assumirão como presidente e vice-presidente do Tribunal, respectivamente.
A posse ocorrerá neste mês após o término do mandato do ministro Luís Roberto Barroso na Presidência.
A relação de Bolsonaro com o TSE — e principalmente com os ministros Moraes e Barroso — é conturbada, sendo marcada por ataques públicos do presidente e críticas dos dois lados.
No mês passado, Bolsonaro acusou Edson Fachin de ser "trotskista e leninista" por ter votado contra o marco temporal das terras indígenas. Quando Fachin anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no ano passado, Bolsonaro disse que o ministro tem "forte ligação com o PT".
Já o conflito entre Bolsonaro e os ministros Moraes e Barroso é ainda mais intenso. No ano passado, o presidente xingou Barroso de "filho da p...". Também em 2021, Bolsonaro atacou Moraes durante ato do 7 de Setembro na avenida Paulista, em São Paulo, chamando-o de "canalha" e afirmando que não obedeceria às decisões do ministro.
O presidente é investigado por ter divulgado em suas redes sociais, em agosto, documentos sobre uma tentativa de invasão aos sistemas do TSE. O objetivo do presidente, à época, era questionar a segurança das urnas eletrônicas.
Barroso, então presidente do TSE, criticou abertamente o presidente por ter vazado o documento — nas palavras dele, "faltam adjetivos" para descrever a atitude de Bolsonaro.
O presidente deveria ter comparecido nesta semana para prestar depoimento à Polícia Federal sobre esse caso, por ordem de Alexandre de Moraes, mas não foi. Os dois travam uma batalha judicial sobre esse depoimento desde então.
Também é de interesse do presidente e de seu grupo político o debate sobre como o aplicativo Telegram será enquadrado no Brasil. O app constantemente ignora pedidos de autoridades brasileiras para adotar medidas de combate à desinformação e é utilizado por Bolsonaro e seus filhos para divulgar informações. Para o presidente, o "cerco" ao Telegram é "covardia".
Carla Araújo e Leonardo Martins
Do UOL, em Brasília e em São Paulo
06/02/2022 22h09