RioBRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem avaliado entre seus aliados que o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) é hoje o melhor nome para a disputa ao Senado no Rio de Janeiro.
A outra opção seria o senador Romário (PL-RJ), correligionário do presidente.
O titular do Palácio do Planalto enxerga em Silveira, porém, uma a alternativa com maior apelo entre seu eleitorado, mesmo sabendo que o deputado entrará na campanha com o ônus de ter ficado sete meses preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O vice-presidente, Hamilton Mourão, também é cotado para ser o candidato de Bolsonaro ao Senado no Rio. Marcada por desconfiança e episódios de embates públicos, a relação com o presidente, porém, lhe deixa em posição desfavorável na briga pela preferência presidencial.
Questionado pelo GLOBO sobre quem deverá estar no palanque fluminense, o senador Flávio Bolsonaro, coordenador da campanha à reeleição do presidente, disse que até este momento não há uma definição. Ele adiantou que, se não houver consenso, todos estarão na disputa, mesmo que os votos se dividam.
— Seriam três candidaturas fortes que o presidente teria no palanque. Divide voto, mas não tem muito consenso sobre isso. Se os três quiserem vir candidato, eles virão —disse o senador.
Nesta quinta-feira, Flávio e Daniel Silveira se reuniram no Rio para discutir a corrida ao Senado. O parlamentar quer ingressar no PL, mas para isso é preciso buscar uma solução interna com Romário. Uma das opções é convencer o senador a sair do páreo, com argumento de que as pesquisas indicam que teria poucas chances de reeleição. Nesse cenário, Romário precisaria aceitar uma candidatura a um cargo de deputado federal ou estadual. Caso esse acordo não ocorra, Silveira pode ingressar no PTB ou outro partido ligado da base do governo, de preferência.
'Perseguido'
A avaliação entre aliados do presidente é que Silveira se fortaleceu junto ao eleitorado bolsonarista ao se colocar como um “perseguido” por Moraes, contra quem Bolsonaro faz recorrentes ataques públicos. O deputado ficou preso entre fevereiro e novembro de 2021 por determinação do magistrado, após proferir ameaças a integrantes do STF. O ministro também é relator de quatro inquéritos que miram no presidente Bolsonaro.
— Tem três pessoas aqui no Rio de Janeiro com perfil interessante para o presidente apoiar. O Mourão é forte, o Romário é forte e o Daniel Silveira, em função do que ele passou, ficou muito forte. O nosso eleitorado se identifica muito com o Daniel, tem a percepção de que ele foi perseguido pelo Supremo por um crime de opinião, que nem é crime. Ele se tornou uma vítima aos olhos do nosso eleitor — justifica Flávio.
No dia anterior ao do encontro com Silveira, o primogênito do clã Bolsonaro e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, se encontraram Mourão para saber os planos eleitorais do vice-presidente. Atualmente filiado ao PRTB, o vice tem convites para ingressar no Republicanos e no PP, mas disse que só tomará uma decisão em março.
Mourão disse a Flávio e Nogueira que ainda não decidiu se vai disputar a eleição, se mudará de partido e por qual estado se candidataria, caso decidisse concorrer. Além do Rio, Mourão também avalia disputar o Senado pelo Rio Grande do Sul, o que poderia diminuir a fragmentação das candidaturas no Rio.
— Mourão é preparado, é general, é do Rio Grande o do Sul. Os embates que Bolsonaro faz, ele não faz na mesma proporção, mas o eleitor olha para ele como um aliado do Bolsonaro. Mourão sempre foi muito leal do jeito dele — disse.