O xadrez político não é muito diferente do xadrez de tabuleiro – é importante pensar com a cabeça do outro. Também Max Weber ensina isso.
Se o capitão queria trazer à força o Exército para o campo político, o máximo que conseguiu foi trazer um general sem expressão e liderança. Fez de um oficial general um general oficial.
Se o Exército pune Pazuello, Bolsonaro, como comandante em chefe das Forças Armadas, revogaria a punição e a crise estaria aberta, o Exército estaria no terreno da política. Agindo como agiu, o Exército deixou Bolsonaro só com Pazuello, só com um zero à esquerda.
Ao mesmo tempo, o Exército não fez o jogo de entrar na política e desgastou Bolsonaro junto à instituição. A anarquia que seria causada só interessava a Bolsonaro. Ele não conseguiu a radicalização que queria.
Bolsonaro não pensou, porque não pensa politicamente, lances à frente. E não haverá indisciplina de oficiais menores, o Brasil de hoje não é o Brasil dos 18 do Forte de Copacabana, não é o País do tenentismo.
O Exército não fez jogo da política e desfez a crise que o capitão queria e lhe seria útil para desviar atenções da CPI. Bolsonaro perdeu o Exército. Ficou com peão de Pazuello na mão. Se o Exército for entrar em cena, entrará se Bolsonaro quiser melar 2022.
E ainda assim o Exército estará dentro da Constituição, não na política. Se fosse baralho e não xadrez, Bolsonaro ficou com o mico na mão. E o Exército abortou a crise e confronto que o capitão queria. À Bolsonaro, o peão. O xeque mate virá nas eleições.