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BACABAL MA - 5 POLICIAIS FORAM PRESOS ACUSADOS DE TORTURAR E MATAR UM COMERCIANTE QUE ESTAVA DESAPARCIDO
Política
Publicado em 10/02/2021
  • Após a morte do comerciante Marcos Santos e o relato do lavrador José de Ribamar, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão decidiu trocar o comando do 15º Batalhão de Polícia Militar em Bacabal, onde cinco policiais foram presos por suspeita no crime.

 

O antigo comandante, Tenente-coronel Duarte, foi substituído pelo Major Berredo, que estava na 2ª Companhia Independente de Mirinzal.

Nesta segunda (8), a passagem de comando foi presidida pelo próprio secretário de Segurança Pública, Jeferson Portela. O secretário afirmou que o Tenente-coronel Duarte deveria ter dado voz prisão aos seus comandados, no momento em que retornaram ao batalhão.

"A mudança ocorreu exclusivamente por conta da voz de prisão que não foi dada pelo então comandante [TC Duarte]", afirmou o secretário.

Segundo a SSP, o Tenente-coronel Duarte saiu agradecendo a tropa, o alto comando e enfatizando que conseguiu reduzir os índices de criminalidade na região.

Mudança ocorre após crise em BacabalSegundo o secretário estadual de Segurança Pública, Jefferson Portela, as denúncias estão sendo apuradas.

A mudança de comando no 15º BPM aconteceu dias depois do lavrador José de Ribamar Neves Leitão, de 25 anos, reaparecer após sete dias desaparecido. Ele relatou que sofreu tortura por PMs à paisana, conhecido como 'velados', responsáveis pela morte do comerciante Marcos Santos.

Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, Jefferson Portela, as denúncias estão sendo apuradas.

O lavrador relatou o caso em uma transmissão ao vivo na internet. José de Ribamar afirma que foi levado pelo grupo de policiais no mesmo dia em que Marcos Santos foi capturado, e que presenciou a morte do comerciante.

 Segundo o lavrador, os policiais queriam que ele confessasse que havia praticado um roubo e em seguida, seria morto pelos PMs 

José de Ribamar conta que os PMs foram até o seu local de trabalho e o atraíram para uma emboscada. Ao chegar ao local, os policiais o pressionaram para confessar que havia roubado carneiros. Ele negou o crime.

 Em seguida, o lavrador diz que foi espancado, teve as pernas e os braços amarrados e foi jogado no porta malas do carro onde estavam os policiais.

Em relato, o lavrador disse que implorou aos policiais para não morrer e só conseguiu escapar porque a arma não disparou. Após conseguir fugir, José de Ribamar diz que passou uma semana andando pelo mato, sem comida e bebida. 

O lavrador relatou também que chegou a ser perseguido por diversas vezes e sempre que tentava ir embora, se deparava com barreiras policiais nas estradas.

 

"Estava uns dois palmos da minha cabeça [a arma], quando ele apertou o dedo, a arma não disparou. Nessa hora que a arma não disparou, eu corri. Eu criei força nas minhas pernas e corri.

 Eles de lá mesmo começaram a atirar, deram ao menos 10 tiros em mim, e eu passei a noite toda correndo e eles atrás de mim' (...) Quando eu chego na estrada, mais ou menos 00h, tinha uma barreira me esperando. 

Quando eu vejo aquela moto com o farol ligado no meio do caminho e aquelas luzes piscando. 

Quando eu notei logo, eu vi que era polícia me esperando. E ali mesmo eu fiquei, a noite esperando", disse.

VEjam os pés

Morte do comerciante

Durante a entrevista, José de Ribamar relatou o que, segundo ele, foram os últimos momentos do comerciante Marcos Santos. Segundo o lavrador, ele estava no porta malas do veículo dos policiais, que aparece em imagens de câmera de segurança (veja no vídeo abaixo) chegando na casa de Marcos Santos. Ele afirma que presenciou todas as agressões sofridas pela vítima, até ele ser morto pelos PMs.

 

"Ele foi batendo nele no carro, enforcando, o rapaz [o PM] pegando nisso aqui dele [no pescoço], o cara puxava na garganta dele, dando muito socos na cara dele. Eles seguraram ele [Marcos] e mandaram o rapaz [PM] pular em pé, em cima da barriga dele, pulando com os dois pés em cima dele, do peito dele.

Acho que isso aqui já deveria estar quebrado de tanto o pessoal pular. Pegaram ele, colocaram um pano na cara dele e começaram a jogar água e ele já asfixiado e sem poder falar.

Eles não davam chance nem dele falar, nem dele poder se explicar. Molharam uma camisa bem pesada e começaram a bater na cara dele.

Enquanto ele estava respirando. eles estavam batendo nele com a camisa, até que ele não resistiu", explicou.

De acordo com José de Ribamar, depois de terem matado Marcos Santos, o próximo passo era matar ele e simular uma troca de tiros. Ele explica que o tenente Pinho, um dos suspeitos, pediu aos colegas que atirassem em uma das pernas dele.

"Eram cinco pessoas e ai, o Pinho disse 'vocês quatro, que era o Gilberto e outros três, era para segurar ele e atirar nele [Pinho]'. Disseram que era para atirar no peito dele [Marcos] e quando terminar, é pra atirar em uma das minhas pernas', relatou.

 

Investigações

O advogado do lavrador, Bento Vieira, disse que por segurança, José de Ribamar foi levado para o escritório e só deve sair de lá após ele ser ouvido pelo secretário estadual de Segurança, Jefferson Portela.

Os cinco policiais envolvidos no crime estão presos no presídio do Comando-Geral da Polícia Militar. Eles foram identificados como tenente Pinho, o sargento Custódio e os cabos Robson, Rogério e Henrique.

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA) está investigando uma série de assassinatos cometidos por policiais militares que atuam no Maranhão à paisana, ou seja, sem fardamento. Eles também são conhecidos como os 'velados'.

O comerciante Marcos Santos foi encontrado morto em 02 de fevereiro, às margens no povoado Fazenda Cancelar, em São Luís Gonzaga do Maranhão. O corpo dele havia marcas de tiro e sinais de violência.

 

Ele havia desparecido após ter sido abordado por homens e ser colocado à forças em um veículo. As investigações apontaram que os homens que colocaram o comerciante no carro são policiais militares do 15º BPM que estavam trabalhando à paisana. No entanto, a SSP afirma que eles não faziam parte do serviço oficial 'velado' de polícia, mas decidiram por contra própria agir sem fardamento.

 

 

Ele contou que foi torturado e que um comerciante que estava com ele acabou morto

 

 

 

 

 

Ele contou que foi torturado e que um comerciante que estava com ele acabou morto

 g1 maranhão

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