A Polícia Federal prendeu, em flagrante, oito suspeitos de integrar uma organização criminosa apontada como responsável por ataque hacker contra o sistema financeiro nacional. O grupo planejava uma nova invasão, dessa vez mirando a Caixa Econômica Federal. A operação foi feita na última sexta-feira (12), em São Paulo.
Segundo os investigadores, o grupo é suspeito de praticar fraudes bancárias contra instituições financeiras, na tentativa de desviar valores do Pix, por meio do acesso indevido à conta mantida por instituições financeiras junto ao Banco Central.
Segundo a corporação, eles são suspeitos de retirar um computador da Caixa, equipamento que permitiria acesso ao sistema interno da instituição para desviar recursos da Conta PI (Pagamentos Instantâneos), mantida no Banco Central para dar liquidez às transações via Pix.
De acordo com a PF, os suspeitos teriam sido responsáveis por retirar o computador da Caixa, fornecer senhas e acesso à máquina, transportá-la e colocá-la em funcionamento.
As investigações apontam que o grupo já teria provocado prejuízo de R$ 1,22 bilhão a instituições financeiras, incluindo uma empresa pública federal. Há ainda evidências de participação dos detidos em pelo menos outras duas fraudes bancárias, contra o HSBC e o BMP, segundo relatório da ação judicial.
Os suspeitos foram descritos no processo, a que a Folha teve acesso, como "experts na prática de crimes patrimoniais por meio cibernético" e integrariam um "poderoso grupo criminoso com organização profissional", especializado em fraudes bancárias milionárias.
Para a Justiça, que converteu a prisão em preventiva, essas ações demonstram "fortes indícios de atuação em comunhão de esforços e unidade de desígnios para consecução do ataque cibernético".
Os presos devem responder pelos crimes de organização criminosa e tentativa de furto qualificado por meio eletrônico.
itora de forma ininterrupta produtos, serviços e transações para identificar casos suspeitos, adotando estratégias, políticas e procedimentos de proteção de dados e operações.
Mesmo depois de o Banco Central apertar as regras aplicadas às instituições financeiras e reforçar a segurança do sistema financeiro nacional, os ataques de hackers seguem recorrentes.
No sábado passado (6), houve o quinto ataque em três meses. O desvio total conhecido das instituições é de cerca de R$ 1,5 bilhão.
A onda de ataques se intensificou após a megaoperação realizada contra atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital) em negócios regulares da economia formal, como os setores de combustíveis e financeiro.
As três operações, realizadas pelo Ministério Público de São Paulo, Receita Federal e Polícia Federal, chamaram a atenção porque atingiram empresas da Faria Lima, o principal centro financeiro do país.
O Banco Central orienta as instituições a reforçar o monitoramento das transações financeiras e elevar os níveis de autenticação e vigilância em todos os sistemas de pagamento, incluindo múltiplas verificações.
A autarquia anunciou, no dia 5, um pacote de medidas visando reforçar a segurança do sistema financeiro nacional após a divulgação de ataques cibernéticos neste ano.
O BC anunciou, entre outras medidas, a limitação em R$ 15 mil de Pix e TED para instituições de pagamento não autorizadas e que se conectam à Rede do Sistema Financeiro Nacional via PSTI (Prestadores de Serviços de Tecnologia da Informação).