O Corinthians fez operações de antecipação de valores por venda de jogadores para resolver os buracos nas contas do clube nos próximos dois meses. Isso porque o clube já tem um déficit de R$ 15 milhões por mês, o que se somou à perda do patrocinador master Vai de Bet. A empresa pediu o rompimento de contrato por conta da investigação em torno do pagamento de comissão a uma empresa laranja.
Em entrevista coletiva, o presidente do Corinthians, Augusto Melo, reconheceu a situação difícil financeira: "Existe um déficit mensal que é difícil cobrir enquanto paga, se não me engano, R$ 200 milhões de juros. Não temos um real no caixa, Corinthians está sangrando financeiramente. Também por essas coisas de redes sociais", disse.
Pois bem, o tamanho do déficit mensal é de R$ 15 milhões por mês, segundo apurou o blog. Esse era o valor do déficit antes da perda do patrocínio master da Vai de Bet: a empresa pagaria R$ 120 milhões por ano e R$ 10 milhões por mês.
Antes da saída da Vai de Bet, a diretoria do Corinthians já negociara uma antecipação de R$ 40 milhões por transações de jogadores. São partes dos valores que seriam recebidos no futuro por Murilo, zagueiro vendido ao Nottingham Forest, e Felipe Augusto, atacante negociado com o Brugge. Essa operação já está fechada.
O dinheiro deve ser suficiente para o Corinthians colocar os direitos de imagem e salários do elenco em dia. Tanto que Melo, em sua coletiva, prometeu pagar os atrasados nesta semana. Ao mesmo tempo, o clube terá um alívio para cobrir os buracos de dois meses. Nesse período, a diretoria tem que resolver o novo patrocinador master: há negociações em curso.
O orçamento do Corinthians para 2024 previa que o clube teria de obter receitas extras para poder fechar o ano, isto é, a conta não fechava nem com o patrocínio da Vai de Bet. As receitas recorrentes estavam previstas em R$ 761 milhões, o que era suficiente para fechar com superávit em relação às operacionais. Mas há despesas financeiras no valor de cerca de R$ 100 milhões. Por isso, será preciso vender outros jogadores.
Além disso, houve um aumento da dívida bruta do clube no primeiro trimestre de 2024: saltou para R$ 2,1 bilhão, enquanto estava em R$ 1,950 bilhão no final do ano. A diferença é relacionada às contratações de jogadores para o elenco que somaram em torno de R$ 130 milhões.
Esse investimento, na conta da diretoria, foi possível por conta da venda de Moscardo.
Rodrigo MattosColunista do UOL
11/06/2024 04h00