A modelo e influenciadora Daniela Orcisse, de 35 anos, disse que foi vítima de racismo
A modelo e influenciadora Daniela Orcisse, 35, denunciou que foi vítima de racismo após ser acusada por um gerente de uma loja de furtar uma blusa que era dela em São Paulo.
O que aconteceu:
O motivo do episódio seria porque a blusa que Daniela usava tinha um protetor de zíper semelhante aos presentes nas peças do estabelecimento, localizado no bairro São Mateus, na zona leste da capital paulista.
A mulher, segunda princesa do Carnaval de São Paulo do ano passado, disse que foi abordada pelo gerente da Águia Shoes e por um segurança quando já estava dentro de uma segunda loja, no último sábado (15).
Segundo ela, o gerente a acusou com base no relato de uma suposta cliente. Daniela afirma ter aberto a blusa no mesmo instante e mostrado que o item era dela. "Eu passei por um constrangimento, uma vergonha tão grande. É horrível você ser acusado de algo que você não fez. (...) Todo mundo olhando, eu não desejo para ninguém. Eu não sou ladra", disse em vídeo nas redes sociais.
A advogada Paloma Santos e Silva estava na loja em que Daniela foi abordada e viu a modelo repetir diversas vezes a frase "eu não roubei, eu não roubei", e se colocou à disposição para defender a influenciadora.
A vítima e a advogada retornaram à Águia Shoes e solicitaram as imagens das câmeras de segurança, por meio de uma notificação extrajudicial, além de questionar se o alarme antifurto estava funcionando. O comércio se negou a ceder as imagens.
Pouco tempo depois de chegarem ao estabelecimento, funcionários do local (incluindo gerentes) admitiram o erro, pediram desculpas e ofereceram um vale-compras para Daniela e a advogada, que recusaram. A vítima abriu um boletim de ocorrência online. A reportagem procurou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) para saber como o caso será conduzido, mas até o momento não teve retorno.
Eu perguntei para eles várias vezes, se fosse uma madame, uma loira aqui, vocês teriam essa abordagem? A gente precisa deixar claro, que foi o que eu falei para a Dani, o seguinte: eles a abordaram dentro de uma outra loja. Então, olha o constrangimento?
Paloma Santos e Silva, advogada de Daniela
Em nota divulgada no Instagram, a Águia Shoes informou que está verificando as informações e tomará "medidas firmes contra qualquer forma de discriminação ou preconceito, promovendo a diversidade e a valorização da individualidade". Eles não esclareceram quais ações seriam tomadas em caso de comprovação da falsa acusação.
"Estamos comprometidos em cultivar uma cultura de respeito mútuo, em que todos se sintam seguros e apoiados", finaliza a nota, sem citar o caso envolvendo a modelo. O UOL entrou em contato diretamente com a administração do estabelecimento por e-mail e pelas redes sociais, mas, até o momento, não obteve retorno. Este espaço será atualizado assim que houver manifestação.
"Racismo dói", diz modelo
Em entrevista ao UOL, Daniela definiu a situação como "complicada e dolorida" e disse que esperava ser ofendida na rua com insultos racistas, mas jamais imaginou ser chamada de ladra.
Com a voz embargada, a modelo disse que a vida parou desde o episódio e que está difícil retomar as suas atividades diárias em razão dos danos psicológicos sofridos em razão do episódio racista.