O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo em que usa trechos de declarações do ex-ministro da Educação do governo Dilma Renato Janine Ribeiro sobre "fraude eleitoral" em 2018 e cobrou atuação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O que disse Bolsonaro:
O ex-presidente afirmou que, após a vitória nas eleições de 2018, o TSE determinou que Polícia Federal instaurasse um inquérito para apurar possíveis fraudes eleitorais. A publicação ocorreu um dia após Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) dizer que uma "fraude eleitoral" levou ao poder em 2018 "quem jamais ganharia eleições livres e limpas".
Bolsonaro argumentou que tratou desse inquérito, ainda em aberto, na conversa que teve com embaixadores em 2022. "E foi esse inquérito o qual eu explanei em uma reunião com embaixadores que serviu de base para que eu me tornasse inelegível". No dia 30 de junho, o TSE condenou Bolsonaro e o declarou inelegível por oito anos.
Ao citar a fala de Janine, ele voltou a cobrar a conclusão do inquérito e disse que as pessoas "vão ter uma surpresa".
Ao cobrar o TSE, o ex-presidente destacou que "quem falou em fraude em 2018 foi o senhor Janine". "O curioso disso tudo, por que esse inquérito não é fechado? Houve fraude ou não em 2018?".
O UOL procurou Renato Janine Ribeiro, por mensagem de texto e nas redes sociais, para comentar a declaração de Bolsonaro, mas até o momento não teve resposta. Este espaço será atualizado tão logo haja manifestação.
Espero que o senhor Janine com a força que ele demonstra ter, junto com o presidente da República e ao ministro da Justiça, faça com que esse inquérito seja cumprido para que essa dúvida se dissipe de vez. Vocês vão ter uma surpresa. Eu só não falo sobre o inquérito porque atualmente ele tem o carimbo de sigiloso.
Jair Bolsonaro
Apesar de Renato Janine falar em "fraude eleitoral", diferentemente de Bolsonaro e seus seguidores, que questionam a validade das urnas e pedem até mesmo a volta do voto impresso, o ex-ministro se refere ao contexto da "República de Curitiba". Desde 2018, aliados do presidente Lula (PT) afirmam que eleições de 2018 foram "fraudadas", mas porque o petista foi impedido de concorrer no pleito devido a condenações no âmbito da Lava Jato.
O principal argumento é que o processo que desencadeou a prisão de Lula, em 7 de abril de 2018, foi algo "tramado" pelo ex-juiz Sergio Moro, ex-ministro do candidato vitorioso naquela eleição e hoje senador da República. O Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu, em 2021, manter a decisão da segunda turma que apontou a parcialidade do ex-juiz na ação penal contra Lula referente ao triplex no Guarujá (SP).
Em 2021, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse que foi vítima de uma articulação judicial e midiática para convencer a população.
Janine defendeu que o fim da "República de Curitiba" marcou a volta dos "valores repúblicanos". Declaração foi feita durante evento do governo federal em homenagem ao Dia da Ciência e do Pesquisador.
E também lembro que agora que acabou a assim chamada 'República de Curitiba', golpista, sua vitória marcará a volta de Curitiba à República, aos valores republicanos. Com o senhor sendo acolhido por aqueles que defenderam, no âmbito do direito, naquele estado a democracia contra a fraude eleitoral que levou ao poder quem jamais ganharia eleições livres e limpas."