Adultos e principalmente crianças adoeceram nos últimos dias na aldeia Awá. Mesmo assim, nenhuma equipe médica foi até o local.
Os indígenas awa-guajá da aldeia Awá, no Maranhão, enfrentam um surto de gripe no território. No último dia 10 de junho, um bebê, de um ano, morreu por complicações da doença enquanto tentava chegar ao hospital mais próximo da comunidade, localizado na cidade de Alto Alegre do Pindaré.
Adultos e principalmente crianças adoeceram nos últimos dias na aldeia Awá. Mesmo assim, nenhuma equipe médica foi até o local. Não há médicos na unidade de saúde da comunidade indígena, onde os atendimentos são realizados apenas por técnicos de enfermagem.
Em Alto Alegre do Pindaré, uma médica que estava no plantão do hospital da cidade disse a um grupo de indígenas que não havia estrutura para atender a todos os doentes. Então, a direção da unidade disponibilizou transporte para levá-los até o Hospital Municipal de Santa Inês, onde, segundo os awá-guajá, mais uma vez foram dispensados por falta de leito. As crianças foram medicadas e transferidas para Bom Jardim.
Depois da morte do bebê de um ano, outras 11 crianças precisaram de internação. Três delas apresentaram sintomas mais graves. Em razão do surto, a direção do hospital de Bom Jardim reservou uma ala exclusiva para receber os indígenas doentes.
“Desde quarta-feira a gente vem recebendo um fluxo maior de indígenas, mais de oito já foram internados aqui”, disse Jairon Pereira, coordenador do hospital de Bom Jardim.
Lideranças reclamam da falta de estrutura da Unidade Básica de Saúde (UBS) da aldeia Awá. Com tantas pessoas doentes, há apenas um aparelho de nebulização disponível no posto.
Construído em 2017, o prédio nunca passou por nenhum tipo de manutenção e vem se deteriorando com o passar dos anos. O advogado Diogo Cabral, especialista em direitos humanos, disse que depois de um reunião ficou decidido que equipes médicas do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e da Secretaria de Saúde Indígena farão o atendimento na aldeia Awá.
“O povo Awá é um povo de recente contato, que vive na Amazônia maranhense. É uma das etnias mais ameaçadas do mundo e há anos tem sido vítima da violência promovida por madereiros e pela omissão do Estado Brasileiro. O Conselho Estadual de Direitos Humanos fará uma missão na região e também, através de sua associação, os Awá encaminharão informes para o Conselho Nacional dos Direitos Humanos, para a Relatoria Especial de Povos Indígenas das Nações Unidas e também para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos”, disse Diogo.
Sobre a morte do bebê awá-guajá, a Prefeitura de Alto Alegre do Pindaré, por meio da Secretaria de Saúde, disse à TV Mirante que a criança já tinha ido a óbito quando deu entrada no Hospital Municipal João Antônio Santos. O órgão também afirmou que depois da morte do bebê, mais sete crianças foram levadas ao hospital de Alto Alegre do Pindaré e que todas elas receberam atendimento.
Por g1 MA e TV Mirante — São Luís
20/06/2023 10h39 Atualizado 20/06/2023