Ao receber uma mensagem nas redes sociais, a psicóloga Caroline Aparecida Costa Galvão, de 29 anos, moradora de São José dos Campos (SP), descobriu que seu registro no CRP (Conselho Regional de Psicologia) estava sendo usado irregularmente por outra profissional com nome semelhante — mas sem formação profissional. Um boletim de ocorrência de fraude e estelionato foi registrado pela vítima.
A descoberta foi há cerca de duas semanas, depois que advogada Daniela Padilha passou por duas consultas online com a suposta profissional, que atendia apenas por Caroline Costa.
A advogada relata que conheceu o trabalho da falsa psicóloga por uma página nas redes sociais. Em uma primeira consulta ela não desconfiou de nada. Mas, ao final da segunda sessão de terapia, percebeu que havia algo de estranho na forma com que o atendimento foi feito.
Eu percebi que a profissional usava muitos termos técnicos, misturava algumas técnicas de terapia e aquilo me acendeu um alerta. Eu pedi o número do CRP dela e ao consultar vi que o nome do registro não era o mesmo para o qual eu havia feito o pagamento da consulta. Apenas o primeiro nome e um dos sobrenomes eram iguais.
Ao notar que a mulher usava o cadastro de outra profissional, a advogada afirma que entrou em contato com a falsa psicóloga e pediu o ressarcimento do valor pago pelo atendimento, o que foi aceito pela mulher. Em seguida, ela procurou nas redes sociais a verdadeira psicóloga.
'A gente acha que nunca vai acontecer'
Caroline, a psicóloga dona do CRP, diz que desconfiou da mensagem de Daniela em um primeiro momento.
"Quando recebi a mensagem da Daniela na minha rede social imaginei que fosse um golpe. Que alguém iria me pedir dinheiro ou coisa assim. Nem dei muita atenção", recorda Caroline.
Apenas após alguns dias e ao conversar com diversas pessoas sobre o ocorrido, Caroline acreditou que seu registro profissional estava sendo usado de maneira irregular por uma pessoa desconhecida e procurou a polícia para registrar o caso. Além da Polícia Civil, ela também registrou a situação no Conselho Regional de Psicologia.
Fiquei bastante surpresa, é aquele tipo de situação que a gente nunca acha que vai acontecer, mas acontece. É muito estranho pensar que havia uma pessoa de passando por mim e fazendo atendimentos. Além da denúncia formal aos órgãos competentes, também fiz uma publicação nas minhas redes sociais como forma de alerta para todas as pessoas e também outros possíveis pacientes que podem ter sido vítimas.
Formada desde 2017 e atuando na área desde então, a psicóloga possui uma clínica particular em São José dos Campos, onde faz os atendimentos presenciais e também online.
A reportagem do UOL entrou em contato com o Conselho Regional de Psicologia, mas não obteve retorno. Também foram enviadas mensagens nas redes sociais e WhatsApp da suspeita, que não respondeu às tentativas de contato e pode ter desativado os canais de comunicação.
Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)
15/06/2023 04h00Atualizada em 15/06/2023 06h41