Dados consolidados apontam que o Brasil contabilizou 6,6 milhões de hectares desmatados ao longo de todo o governo Bolsonaro, entre 2019 e o ano passado, o equivalente a uma área de 1,4 vez o tamanho do estado do Rio de Janeiro.
O relatório com os dados de 2022 foi divulgado nesta madrugada pelo MapBiomas, plataforma que reúne ONGs, empresas e universidades e monitora o desmatamento no Brasil.
O que diz o relatório
O desmatamento cresceu em cinco dos seis biomas brasileiros em 2022, na comparação com 2021, com exceção apenas da Mata Atlântica. Amazônia, Cerrado, Pantanal, Pampa e Caatinga tiveram altas.
Os maiores aumentos ocorreram nos biomas Amazônia e Cerrado, que juntos responderam por 90% da área desmatada no país em 2022.
Dos 5.5570 municípios brasileiros, 62% tiveram alertas de desmatamento no ano passado, mas apenas 50 deles responderam por 52% da mata total destruída no Brasil.
O município de Lábrea, no Amazonas, com 62.419 hectares desmatados, superou a área desmatada do município de Altamira no Pará, campeão de área desmatada nos últimos três relatórios."MapBiomas
Vista aérea de área desmatada da Amazônia em Lábrea (AM)
Imagem: MAURO PIMENTEL / AFP
Pará é líder
Assim como em anos passados, o estado do Pará liderou o ranking de 2022, com 22,2% da área desmatada do país, seguido pelo Amazonas, com 13,3%.
É no sul do Pará que se concentra o maior desmatamento causado pelo garimpo. Entretanto, apesar dos grandes danos, esse tipo de mineração respondeu por apenas 0,3% do total de supressão de vegetação nativa em 2022 no país.
Segundo o relatório, a agropecuária lidera e respondeu por 95,7% do total desmatado no Brasil em 2022, consolidando-se como setor que mais destrói o meio ambiente.
Indígenas são protetores
Um dado que reforça a necessidade de proteção das terras indígenas (TIs) é que, na contramão do resto do país, o desmatamento caiu dentro delas ao longo dos anos.
Em 2022, as TIs responderam por apenas 1,5% do total de área desmatada do país; em 2019, esse percentual era de 3,3% do total.
Por outro lado, 8,9% da área desmatada em 2022 aconteceu dentro de alguma Unidade de Conservação no Brasil, o que é proibido.
É preciso mais fiscalização
O relatório também chama a atenção para a necessidade de maior fiscalização: em 2022, mais de 99% da área desmatada no Brasil tiveram pelo menos um indício de irregularidade.
Pelas leis brasileiras, é obrigatório ter autorização para desmatamento legal no Brasil.
O documento aponta ainda que as ações de autuação e embargo realizadas pelo Ibama e ICMBio até maio de 2023 atingiram apenas 10,2% da área desmatada identificada entre 2019 a 2022.
Ao cruzar os dados de desmatamento autorizados, que respeitam a Reserva Legal, Áreas de Proteção Permanente, nascentes e sem sobreposições com áreas protegidas, observa-se que apenas 0,7% da área atende aos critérios estabelecidos pelos especialistas para indícios de legalidade."MapBiomas