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Análise: Fluminense põe Flamengo na roda, engole rival os 90 minutos e enfim dá título que Diniz merecia
10/04/2023 10:00 em NOTÍCIA

Com atuação de gala, Flu goleia por 4 a 1 e fatura o bicampeonato carioca depois de 39 anos

 

Chame do que quiser: chocolate, amasso, vareio, passeio... Afinal, o Fluminense colocou o Flamengo na roda e engoliu o rival nos 90 minutos da final do Campeonato Carioca na noite do último domingo no Maracanã, de uma forma como raramente se vê um time dominar outro da mesma divisão no futebol brasileiro. A goleada contundente por 4 a 1, seguida do grito de bicampeão entalado na garganta por 39 anos, adoçaram o dia de Páscoa que a torcida tricolor jamais vai esquecer.

Muito menos Fernando Diniz. O técnico tricolor tem totais méritos em cima de um trabalho a longo prazo, que está prestes a completar um ano, e transformou o futebol do Fluminense no mais vistoso do Brasil em 2023. O título tardou, mas não falhou. O treinador, que já merecia desde os tempos de São Paulo, enfim conquista o seu primeiro troféu de expressão na carreira. E com muita justiça ao "Dinizismo".

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Diniz comemora título do Campeonato Carioca com os jogadores do Fluminense — Foto: André Durão/ge

Diniz comemora título do Campeonato Carioca com os jogadores do Fluminense — Foto: André Durão/ge

Taticamente, se no primeiro jogo da final Vítor Pereira conseguiu armar uma arapuca para anular o Fluminense, na segunda partida Diniz soube preparar uma armadilha da armadilha, digamos assim. O técnico tricolor viu que a estratégia de ter dois pontas abertos não foi suficiente para abrir a linha de cinco defensores do Flamengo há uma semana, e dessa vez deixou Arias livre. O colombiano flutuou e muitas vezes dobrou com Keno no mesmo lado, algo que ensaiou diante do Sporting Cristal na Libertadores.

Scout - Fluminense x Flamengo

 

Quesito Fluminense Flamengo

Posse de bola 50% 50%

Finalizações 12 11

Chances de gol 7 3

Desarmes 25 21

Precisão nos passes 84% 83%

Escanteios 4 6

Impedimentos 2 0

Fonte: ge

Além disso, agrupou mais suas linhas, deixando todo mundo próximo da bola. E ajustou o posicionamento de Keno, que junto com Alexsander teve grande importância defensiva nas coberturas pelo setor de Marcelo, permitindo ao lateral se aventurar como um "falso meia". E os números são prova do "chocolate": no primeiro tempo, teve 60% de posse de bola, sete finalizações contra três, e quatro chances de gol contra nenhuma do Flamengo.

Foram elas: o chute na trave de Alexsander aos 14 minutos; o golaço de Marcelo aos 26; o gol de Cano aos 31, após passe brilhante de Ganso; e o outro chute do camisa 5 que Santos salvou cara a cara. No segundo tempo, os números foram mais equilibrados, mas ainda assim o Fluminense seguiu melhor. Terminou com 50% de posse de bola, 12 finalizações a 11 e sete chances de gol contra três. Cano, de pênalti e de rebote aos 10, e Alexsander, aos 19, marcaram, enquanto o Flamengo parou em Fábio com Thiago Maia no primeiro minuto e com Matheus França aos 14. O gol de Ayrton Lucas foi sair só nos acréscimos.

Por falar no pênalti de Cano quando o placar ainda estava 2 a 0, ninguém se ofereceu para cobrar (Ganso e Arias são os cobradores oficiais, junto com o atacante). O argentino, que já tinha perdido um na final do Carioca do ano passado, foi quem assumiu a responsabilidade de novo. Perdeu a cobrança e fez no rebote, mas foi quem mais mostrou "colhão" na hora da verdade. Com o segundo título carioca e 62 gols em 84 jogos, o camisa 14 já virou ídolo e ganhou até bandeirão da torcida.

E, claro, teve um grande fator psicológico de pano de fundo na final, o que é mérito total de Diniz (saiba mais aqui). Tanto que nem parecia que o Flamengo é que tinha poupado jogadores no meio de semana e o Fluminense jogado a estreia na Libertadores com força máxima. O domínio técnico foi tão grande, que parecia até "totó" ("pebolim", "Fla-Flu", "futebol de mesa"... o nome varia de acordo com a região do país). A bola ia e voltava e continuava nos pés do Flu. Os jogadores tricolores pareciam estar sempre um ou dois segundos na frente dos rubro-negros, completamente perdidos na marcação.

Por Thiago Lima — Rio de Janeiro

10/04/2023 07h04  Atualizado há 2 horas

 

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