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Mulheres falam sobre os desafios que as transformaram em inspiração na trajetória de sucesso em suas carreiras
08/03/2023 09:11 em NOTÍCIA

No Dia Internacional da Mulher, o g1 Maranhão, conversou com a empresária Karol Barros e Gisela Introvini, superintendente e pioneira no agronegócio no Maranhão, que falaram sobre a trajetória de sucesso e muitas lutas que serve de inspiração para outras mulheres.

Com o decorrer dos anos, as mulheres têm ganhado cada vez mais destaque em cargos de liderança, servindo como exemplo e inspiração para outras mulheres. E esse ciclo se repete várias vezes e a partir disso, tantas outras são incluídas nessa onda infinita de empoderamento feminino.

Entretanto, há ainda muito mais o que conquistar. Ainda mais sabendo que por muitos séculos, as mulheres foram submetidas a rebaixamentos, fadadas ao silêncio e à opressão.

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o g1 Maranhão conversou com duas mulheres maranhenses que vem quebrando barreiras no empreendedorismo e sendo fonte de inspiração para outras mulheres. Veja abaixo:

Karolícias. Quem mora em São Luís ou vive no Maranhão, já deve ter escutado essa palavra alguma vez na vida. Esse é o nome ‘artístico’ da empresária maranhense Karol Barros, e que há cinco vem quebrando barreiras no empreendedorismo feminino e se destacando no mercado.

Toda a trajetória da empresária é compartilhada, diariamente, com os mais de 62 mil seguidores em uma rede social. Entretanto, assim como muitas mulheres empreendedoras no Maranhão, o começo não foi fácil. O negócio do ramo de alimentação que, hoje, já conta com cinco lojas e mais de 100 funcionários, começou na cozinha da casa dela.

Ao g1, Karol Barros conta que no começo, ao buscar dicas sobre como abrir um negócio, muitas pessoas não a respondiam, se negavam e davam informações falsas. Em meio às dificuldades de abrir um negócio, ela diz que nunca pensou em desistir e por isso, decidiu compartilhar essa vivência nas redes sociais, para que outras pessoas vissem como é o processo de empreender.

“Tudo o que eu aprendi no empreendedorismo foi apanhando. Eu já fui tratada diferente por fornecedores por ser mulher, já fui enganada e tantas outras coisas só por ser mulher. Eu comecei a compartilhar isso nas redes sociais, para que as pessoas pudessem ver que o caminho pode não ser fácil, porque fantasiavam sobre essa vida e achavam que tudo era mais simples e mais fácil, o que não é”, afirma Karol.

Com o tempo, de forma muito única e descontraída, Karol Barros construiu uma rede forte de seguidores, principalmente mulheres e mães, que se identificavam com sua história de vida e pretendiam ingressar no mundo do empreendedorismo, mas não sabiam de que forma.

Por outro lado, com a experiência no mundo do empreendedorismo, a empresária também percebeu a necessidade de criar um espaço para que fornecedores de produtos de São Luís pudessem mostrar seus negócios para os micro e nano empresários. A partir disso, ela criou uma feira voltada para esse segmento e para a surpresa dela, a maior parte adesão foi feminina.

“A ideia surgiu no sentido de fazer uma feira, onde os fornecedores faziam a exposição dos seus produtos para que os micros e nano empreendedores souberem que eles existem. Sem dúvidas, a maior parte das pessoas que participaram foram mulheres. Tem aquela mulher que trabalha em casa, cuida do seu filho e tem vontade de empreender e achava que não era possível, mas tem também a força que a mulher que faz várias coisas que é cuidar da casa, do filho e ainda empreender”, relembra a maranhense.

A trajetória de sucesso de Karol Barros inspirou outras mulheres. Ao g1, ela conta que recebe sempre mensagens de mulheres que decidiram se aventurar no empreendedorismo feminino ao observar sua trajetória de sucesso.

“No começo, eu ficava envergonhada, pensava que era um peixinho no meio de um mar de tubarões que existem no empreendedorismo local. É muito bom o reconhecimento. É algo que muita gente demora muitos anos para ter e acredito que o que tenho hoje, com apenas cinco anos, é algo que me motiva cada vez mais com as pessoas. Eu sou muito realizada porque eu tenho o reconhecimento desse trabalho. Eu durmo com problemas, mas acordo com gás de vontade de fazer mais”, disse a empreendedora.

E por entender que o caminho não é fácil, a empresária maranhense aplica, todos os dias em sua própria empresa, uma onda de sororidade e empoderamento feminino. Um exemplo, são seus funcionários que, majoritariamente, são mulheres.

“Quando eu ia tentar começar em uma empresa, as pessoas não me davam oportunidades porque eu não tinha experiência e era mulher. E quando eu virei gestora, eu pensei muito nisso. E confesso que quando eu tenho a oportunidade de fazer isso com mulheres, eu faço. Pela dificuldade que uma mulher tem de entrar no mercado, de ser acreditada, das dificuldades por ser mulher. Tenho nove líderes e oito são mulheres. E eu faço isso porque eu sei que é muito difícil para a gente ser vista como competente”, finalizou a empresária.

A mulher é agro e pop. A frase, super popular no Brasil, foi o start para que a engenheira agrônoma, Gisela Introvini, desse início a criação de um projeto que inspira e conecta mulheres produtoras do agronegócio com profissionais das demais áreas. E isso aconteceu, devido a participação dela na propaganda veiculada em rede nacional, em meados de 2017/2018.

"A ideia da associação saiu por causa disso. Eu sou aquela mulher que aparece segurando soja com as mãos na propaganda. Quando eu me vi, senti uma emoção forte, mas me perguntei 'cadê as outras'. E a partir dessa iniciativa, nós criamos uma associação de mulheres, que pudesse interagir de igual para igual, com o meio masculino que é o agronegócio", disse Gisela Introvini, em entrevista ao g1.

E foi assim que surgiu a Associação das Mulheres do Agro Ouro (AMAO), uma plataforma que conecta mulheres do agronegócio, com mulheres profissionais das demais áreas, incentivando elas a ocuparem lugares de destaque e trocando informações. Hoje, a plataforma é gerenciada pelas participantes, e conta com a participação de pessoas de todo o Brasil e até de outros países.

"Não haviam mulheres que participavam de associações, sindicatos ou nada similar voltadas para o agronegócios. E hoje, graças a esse programa, existem mulheres do agro, engenheiras, médicas, advogadas, que foram uma espécie de auxílio para quem necessita de alguma informação nossa. Por exemplo, as mulheres do direito ajudam as mulheres do agro que não sabem que existem leis que as protegem e assim, a gente faz algo pelo bem comum", explica Gisela.

Além de coordenar a associação, atualmente Gisela também é superintendente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (FAPCEN) tendo desenvolvido projetos em prol do desenvolvimento sustentável da região em Balsas, cidade a 810 km de São Luís, um dos celeiros da produção de soja no Maranhão. Ela está à frente também de uma das maiores feiras agropecuárias no Estado, a AgroBalsas.

Entretanto, a trajetória de sucesso e muitas lutas de Gisela, não é recente. Ela se formou como técnica agrícola, sendo a primeira do Paraná. Em seguida, se graduou em agronomia e há 25 anos, se mudou para o Maranhão, sendo especialista na produção de sementes.

Ao g1, a paranaense de alma maranhense, conta que trabalhou nas primeiras pesquisas de melhoramento genético da soja que é plantada atualmente no estado e devido a esse trabalho, o grão foi adaptado às condições climáticas e de solos que existem no sul do Maranhão. Gisela também liderou a equipe responsável que trabalhou na certificação de sementes e mudas no Maranhense.

“Me formei em uma época em que não aceitavam mulheres no curso de agropecuária e eu me atrevi por amor e paixão pela terra, pela ciência da agronomia. Infelizmente o agronegócio ainda é uso exclusivo do sexo masculino, para que uma mulher venha representar, é necessário ter que se provar o tempo todo e mostrar uma inteligência surreal. Não foi uma trajetória muito fácil, mas é muito bom olhar para trás e ver tudo que conquistei”, disse.

O pioneirismo de Gisela Introvini no mundo do agronegócio rendeu a admiração de tantas outras mulheres que sonham em desbravar essa área, que ainda conta com uma alta participação masculina. Ao g1, a superintendente diz que fica muito emocionada e grata quando outra mulher diz que se inspirou em sua trajetória para entrar nesta carreira.

“A vida devolve o que a gente emite. Se você é uma pessoa que está em sintonia com o bem e para mim, não existe bem maior do que alguém chegar para mim e dizer que alguém seguiu esses passos, se inspirando na minha trajetória. É muito gratificante. Isso me garante a felicidade constante que eu tenho, sou muito feliz, muito realizada. Mediante essa sintonia de amor e carinho, a gente esquece as coisas ruins e só vibra com as coisas boas”, finalizou.

Por g1 MA — São Luís

08/03/2023 06h42  Atualizado há 2 horas

 

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