A decisão do governo de retomar os impostos sobre combustíveis não é uma medida inflacionária, defendeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que elogiou a medida anunciada por Lula (PT) durante o UOL Entrevista de hoje.
Haddad afirmou que o próprio Banco Central avaliou, em sua ata a respeito da política monetária brasileira, que a arrecadação "contribui para a política de redução de juros."
O que está na ata do BC é que esta medida tomada ontem pelo Lula, com muita sabedoria, contribui para a política de redução de juros. Nós estamos lembrando que esta medida não é inflacionária. Segundo o próprio Banco Central, a médio e a longo prazo, ela concorre para a redução das taxas de juros, o nosso principal problema econômico hoje."
Fernando Haddad durante o UOL Entrevista
O ministro da Fazenda criticou a política econômica de Jair Bolsonaro (PL) e a reação do ex-presidente e de seus apoiadores, que se manifestaram contra a reoneração anunciada ontem.
Para ele, a situação atual é resultado de medidas eleitorais tomadas no governo anterior para frear o aumento dos combustíveis.
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Haddad nega interferência política na Petrobras
Como o anúncio da reoneração parcial do PIS/Cofins sobre os combustíveis coincidiu com a redução de preços dos combustíveis feita pela Petrobras, o ministro foi questionado a respeito de uma possível interferência política nos preços estabelecidos pela empresa estatal —o que ele negou.
Segundo Haddad, houve apenas um pedido para que os valores fossem divulgados a fim de adequar o texto da medida provisória do governo.
Ficamos aguardando a Petrobras tomar a decisão dela pra tomar a nossa. Chegou um momento em que a medida provisória ia vencer, não tinhamos mais prazo, e pedimos a Petrobras para divulgar os preços."
O Brasil voltará a ter impostos sobre os combustíveis após 9 meses de desoneração. O imposto da gasolina será de R$ 0,47, e o do álcool, de R$ 0,02. O impacto no preço final nas bombas, porém, será atenuado pela redução do preço dos combustíveis nas refinarias anunciada pela Petrobras.
O ministro também pediu 'compreensão' ao mercado.
Esse tal mercado tem que ter compreensão de que a bucha herdada não é pequena e tem que ser administrada politicamente, ambientalmente, socialmente, economicamente, mas o rumo está dado."
Assista à íntegra do UOL Entrevista com Fernando Haddad, ministro da Fazenda: