Corpo de José Inácio Guajajara foi encontrado nessa terça (24), na Terra Indígena Cana Brava. Inicialmente, a Polícia Civil informou que a vítima havia sido morta a tiros, mas posteriormente o IML informou que houve uma morte por infarto.
Um indígena da etnia Guajajara, identificado como José Inácio Guajajara, de 46 anos, foi encontrado morto Terra Indígena Cana Brava, no município de Grajaú, localizado a 580 km de São Luís. O corpo foi achado nessa terça (24) às margens das BR-226, na aldeia Jurema.
(ATUALIZAÇÃO: A princípio, o governo do Maranhão informou, oficialmente, que 'o indígena foi encontrado morto com marcas de disparos de arma de fogo'. No entanto, posteriormente, o Instituto Médico Legal de Imperatriz desmentiu a informação de homicídio e disse que o corpo não tinha marcas de violência. A informação foi atualizada às 11h.)
Inicialmente, a Polícia Civil suspeitava de um caso de assassinato (veja nota). No entanto, posteriormente, a diretora do Instituto Médico Legal (IML) de Imperatriz, Ana Paula Milhomem, informou ao g1 que não houve homicídio.
"O corpo foi encontrado com marcas de sangue, mas checamos que não tinha marcas de violência. O José teve um infarto e acabou caindo em algumas pedrinhas, o que levou a alguns machucados com sangue na região do peito. A morte foi causa natural", declarou.
A Polícia Civil, posteriormente, enviou também uma nova nota oficial e não menciona mais as supostas marcas de tiro encontradas no corpo do indígena. Agora, a Polícia Civil fala em investigação de "eventual homicídio" e diz familiares e testemunhas serão ouvidos ainda nesta quinta-feira (26).
aconteceu um dia depois de um encontro entre a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e lideranças da Terra Indígena Araribóia. Durante a visita técnica, a comissão se reuniu com 47 caciques e ouviu relatos de violência e ameaças contra o povo Guajajara.
Violência contra os Guajajara
Janildo Oliveira Guajajara e Jael Carlos Miranda Guajajara foram mortos na região da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão
Os números crescentes de atentados a indígenas no Maranhão preocupam lideranças e órgãos de defesa dos povos originários. Somente em 2022, três assassinatos foram registrados em menos de duas semanas.
Quem são os 'Guardiões da Floresta', o grupo de índios protetores da Amazônia no Maranhão
No dia 11 de setembro, o indígena Antônio Cafeteiro Silva Guajajara foi morto com seis tiros após uma emboscada, na cidade de Arame. Janildo Oliveira Guajajara, que já foi Guardião da Floresta, foi assassinado com tiros nas costas, no município de Amarante do Maranhão, em 3 de setembro. No mesmo dia, em Arame, Israel Carlos Miranda Guajajara morreu após ser atropelado.
No dia 9 de janeiro deste ano, outros dois jovens indígenas sofreram uma tentativa de assassinato na Aldeia Maranuí, localizada entre as cidades Arame e Grajaú. Eles saíam de uma festa, na Aldeia Tiririca, quando foram baleados por homens que estavam em um carro que passava pela região.
Benedito Gregório Guajajara e Júnior Guajajara foram baleados na cabeça e seguem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da região. Ninguém foi preso.
Notas da Polícia Civil
Primeira nota divulgada pela Polícia Civil:
A Polícia Civil do Maranhão (PC-MA) informa que o caso envolvendo a morte do indígena José Inácio Guajajara está sendo, inicialmente, investigado pela 15ª Delegacia Regional de Barra do Corda.
A PC comunica que o indígena foi encontrado morto com marcas de disparos de arma de fogo, na última terça-feira (24), na Terra Indígena Cana Brava, em Grajaú. O corpo da vítima foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), da cidade de Imperatriz.
A Polícia esclarece que, por se tratar de um crime ocorrido dentro de uma Terra Indígena, as investigações serão de responsabilidade da Polícia Federal.
Segunda nota divulgada pela Polícia Civil:
A Polícia Civil do Maranhão (PC-MA) informa que o caso envolvendo a morte do indígena José Inácio Guajajara está sendo investigado, inicialmente, pela 15ª Delegacia Regional de Barra do Corda. Os depoimentos de familiares e testemunhas serão ouvidos ainda nesta quinta-feira (26).
A PC comunica que o corpo da vítima foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) da cidade de Imperatriz para que seja identificada a causa da morte. As circunstâncias do crime ainda são desconhecidas.
Por fim, a Polícia Civil esclarece que, caso as motivações do eventual homicídio sejam relacionadas aos direitos indígenas, as investigações serão feitas pela Polícia Federal.
Por g1 MA — São Luís
26/01/2023 08h54 Atualizado há 21 horas