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Partido de Bolsonaro não enviou inserções, diz rádio citada por assessor demitido pelo TSE
Publicado em 26/10/2022 19:22
NOTÍCIA

Emissora afirma que, após contato, PL voltou a mandar o material.

BRASÍLIA

 

A direção da Rádio JM FM atrelou, em nota divulgada nesta quarta-feira (26), a não veiculação de inserções de Jair Bolsonaro à falta de envio do material pelo PL, partido do presidente.

Em depoimento à Polícia Federal, o servidor Alexandre Machado disse que recebeu um email da JM em que a emissora teria dito que, de 7 a 10 de outubro, havia deixado de repassar em sua programação 100 inserções da coligação de Bolsonaro.

Fabio Wajngarten, assessor da Presidência, e Fabio Faria, ministro das Comunicações, em coletiva sobre irregularidades em inserções do PL em rádios
Fabio Wajngarten, assessor, e Fabio Faria, ministro das Comunicações, em coletiva sobre irregularidades em inserções do PL em rádios - Evaristo Sá/AFP

Como mostrou a Folha, o depoimento foi prestado após Machado ser exonerado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na corte, a explicação dada é que o servidor vinha tomando atitudes com falta de isenção e com aparência de atuação política em sua função.

 

"No início do segundo turno das eleições presidenciais, os mapas e materiais de uma das campanhas [da de Bolsonaro] deixaram de ser enviados. Tal fato foi detectado no dia 10 de outubro, oportunidade em que a emissora questionou a Justiça Eleitoral, por telefone, solicitando orientação sobre as medidas a serem adotadas", afirmou a emissora de Uberaba (MG).

Conforme mostrou o Painel, Lídia Prata Ciabotti, dona JM, publicou há quatro dias uma foto entregando um exemplar do Jornal da Manhã, que pertence ao mesmo grupo, a Michelle Bolsonaro, durante visita da primeira-dama ao município mineiro. Na publicação, diz ter sido um prazer ter conhecido "uma mulher tão carismática".

Dona de rádio citada em demissão de servidor do TSE apoia Bolsonaro

 

Lídia Ciabotti exibe foto em redes sociais com Michelle Bolsonaro e outros admiradores do presidente.

BRASÍLIA

Lídia Prata Ciabotti, dona da rádio JM Online, citada na demissão de um servidor do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta quarta-feira (26), manifesta em suas redes sociais apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.

Há quatro dias, publicou uma foto entregando um exemplar do Jornal da Manhã, que pertence ao mesmo grupo, à primeira-dama Michelle Bolsonaro, durante visita a Uberaba (MG). Na publicação, diz ter sido um prazer ter conhecido "uma mulher tão carismática".

Dona da rádio JM Online, Lídia Prata Ciabotti postou foto ao lado da primeira dama Michelle Bolsonaro. Empresa se denunciou por não ter transmitido a propaganda eleitoral do presidente.
Dona da rádio JM Online, Lídia Prata Ciabotti postou foto ao lado da primeira dama Michelle Bolsonaro. Empresa se denunciou por não ter transmitido a propaganda eleitoral do presidente. - Reprodução/Redes Sociais

No Instagram, Ciabotti também compartilhou um vídeo do empresário e apresentador Roberto Justus, no qual ele diz que votar em Bolsonaro é votar em alguém que "muitas vezes é infeliz nas suas colocações", mas luta pela "liberdade individual".

 

Ela exibe ainda fotos com outros bolsonaristas, como o ex-jogador de vôlei Maurício Souza (PL-MG), recém-eleito deputado federal, e o cantor Latino.

Nesta quarta, Alexandre Gomes Machado foi exonerado do TSE, após o gabinete do presidente da corte, Alexandre de Moraes, avaliar que ele estava tomando atitudes com falta de isenção e aparência de atuação política em sua função, além de atrapalhar os trabalhos na corte.

 

Em depoimento à Polícia Federal, Machado disse que recebeu um email da rádio "JM ON LINE", em que a emissora teria dito que, de 7 a 10 de outubro, havia deixado de repassar em sua programação 100 inserções da coligação de Bolsonaro.

O ex-assessor relatou ter comunicado à chefe de gabinete do Secretário-Geral da Presidência sobre o email. Afirmou que cerca de 30 minutos depois de encaminhar o caso soube que estava sendo exonerado. "Porém não lhe foi informado [pelo chefe] quanto à motivação de sua exoneração".

O Painel tentou entrar em contato com Ciabotti, mas não teve resposta até a publicação deste texto. Em transmissão ao vivo na terça-feira (25) na rádio, Lídia atribuiu eventuais erros à falta de informação por parte do TSE ao comentar a denúncia feita pela campanha de Bolsonaro.

"Era tudo feito num depositário, num repositório do tribunal e cada emissora tinha que ir lá e buscar o seu, buscar o mapa de mídia, buscar os spots. Mas isso tinha que ter sido informado antes de começar o segundo turno, o que não foi feito pelo tribunal", reclamou.

Ela afirmou ainda ter enviado questionamentos por escrito, que não foram respondidos. "Quando muito, te respondem por telefone. Por quê? Porque não tem como você provar. Isso é uma situação gravíssima no processo eleitoral, esses desequilíbrios. Se fato aconteceu, tem que ser atribuído ao tribunal. Não sei se foi deliberado ou não, mas que houve, houve", sustenta.

Na segunda-feira (24), o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PP-RN), convocou coletiva para denunciar que rádios no Nordeste não estariam transmitindo as inserções de propaganda política de Bolsonaro.

Uma ação foi protocolada no TSE e Alexandre de Moraes exigiu mais informações para dar andamento, sob pena de determinar a apuração de crime eleitoral por parte da campanha do chefe do Executivo.

Já nesta quarta-feira (26), o presidente voltou a insinuar que poderia não respeitar o resultado das urnas, fazendo referência ao suposto esquema de fraude na transmissão da propaganda eleitoral.

"O que foi feito, comprovado por nós, pela nossa equipe técnica, é interferência, é manipulação de resultados. Eleições têm que ser respeitadas, mas, lamentavelmente, PT e TSE têm muito o que explicar nesse caso", declarou.

 
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