Com a apuração de 100% das urnas e a definição da composição do Congresso Nacional, já é possível dizer que, independentemente do candidato ao Palácio do Planalto vencedor em segundo turno, o eleito terá um enorme desafio pela frente para construir bases de apoio e aprovar matérias de seu interesse em um Legislativo polarizado.
Assim como durante toda campanha presidencial até o primeiro turno, ocorrido no domingo (2/10), as disputas pelas 540 vagas do Legislativo (513 na Câmara e 27 no Senado) também foram contaminadas pela polarização registrada no pleito presidencial e protagonizada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Enquanto o petista venceu a primeira etapa da corrida presidencial, liderando o primeiro turno com 48,43% dos votos contra 43,2% de Bolsonaro, o atual chefe do Executivo saiu vitorioso nas urnas ao eleger quantidade significativa de parlamentares.
Na Câmara, com Nikolas Ferreira (PL-MG) como deputado federal mais votado da história, e no Senado, com Marcos Pontes (PL-SP) protagonizando o melhor desempenho entre candidatos a senador, o bolsonarismo mostrou sua força e saiu em vantagem na disputa pelo Parlamento.
Caso seja reeleito em 30 de outubro, Bolsonaro terá, a partir de 2023, as maiores bancadas da Câmara e do Senado. Isso porque seu partido conseguiu eleger 99 deputados e oito senadores. Estes se somarão às siglas PP e Republicanos, que compõem a coligação bolsonarista na corrida pelo comando do Planalto.
Os resultados colocam Bolsonaro à frente na disputa contra Lula pelo apoio do Legislativo. Entre deputados eleitos, há 187 candidatos aliados ao atual mandatário do país. Já entre senadores, 24 dos 81 parlamentares podem ser considerados correligionários do atual presidente.
Apesar do bom desempenho dos bolsonaristas na disputa, Lula também tem motivos para comemorar. Afinal, o PT registrou um crescimento importante em comparação à bancada atual, especialmente na Câmara, ao eleger 68 deputados petistas. Esses parlamentares se juntarão aos 12 eleitos pelos partidos da coligação que o apoiam à Presidência (são eles: PV, PT, PCdoB, Solidariedade, PSol, Rede, PSB, Agir, Avant e Pros), totalizando 80 congressistas.
Se garantir a vitória no próximo pleito, Lula terá 122 deputados aliados em seu governo. No âmbito do Senado, a bancada petista também cresceu: passará a contar com nove senadores, somando, desta forma, 12 apoiadores na Casa Alta do Congresso.
André Cesar, analista político, também prevê o avanço do bolsonarismo no Congresso com as novas bancadas eleitas. De acordo com o especialista, porém, o partido do PT, de Lula, poderá trazer equilíbrio às pautas conservadoras e às possíveis discussões do Congresso, caso o candidato seja eleito em segundo turno.