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No JN Bolsonaro mente sobre STF, ataca urnas e nega culpa por economia ruim
23/08/2022 08:03 em Política

O presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ontem, em entrevista ao Jornal Nacional, que tenha xingado ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), apesar de ter chamado o ministro do STF Alexandre de Moraes de canalha durante as manifestações golpistas realizadas no feriado de 7 de setembro em 2021.

Em entrevista que durou 40 minutos, Bolsonaro negou que tenha cometido erros na gestão da pandemia de covid-19, atribuiu problemas da economia a fatores externos, evitou certas respostas e rebateu os entrevistadores William Bonner e Renata Vasconcellos em diversas ocasiões. O presidente levou algumas anotações na mão —no entanto, não as usou. No fim, disse que o tempo tinha passado rápido.

Destaques da entrevista:

  • Bolsonaro negou que tenha atacado ministros do STF e foi desmentido
  • Na sequência, disse que eleições "limpas e transparentes têm que ser respeitadas"
  • Negou atrasos na vacinação e erros na gestão da pandemia e do MEC
  • Afirmou que a economia está ruim por fatores externos, como a guerra na Ucrânia
  • Disse que governar sem o centrão seria agir como "ditador", que o Ibama não age dentro da lei e que não mudou com "uma canetada" o preço da gasolina

"É um fake news": Questionado logo na primeira pergunta pelo apresentador William Bonner sobre os ataques que tem feito aos ministros do Supremo Tribunal Federal, incluindo xingamentos, Bolsonaro chamou de "fake news" a afirmação de que ofendeu ministros. Ele foi desmentido logo depois pelo apresentador da TV Globo.

Você não está falando a verdade quando fala xingar ministros. Não existe. Isso não existe, é um fake news da sua parte."

Bonner rebateu: "O senhor começou sua resposta afirmando que eu tinha cometido fake news, em nome da verdade, candidato, o senhor xingou ministros do Supremo de canalha, você fez isso com microfone".

Nas manifestações ocorridas em 7 de setembro de 2021, Bolsonaro também chegou a dizer que "só Deus" o tiraria de Brasília e a defender desobediência ao Supremo. Os atos foram também marcados por falas e cartazes golpistas de apoiadores.

Bolsonaro tenso, Bonner irônico. encontro entre o presidente e os apresentadores do telejornal mais popular do país foi assunto nas redes sociais. Quando ficaram frente a frente, o telespectador viu Bolsonaro com cenho franzido. Bonner mantinha a calma ao falar e pareceu à vontade.

Mas em algumas intervenções o apresentador pareceu irônico. O comportamento irritou bolsonaristas que se manifestaram pelas redes sociais. Outra característica da entrevista foi o candidato à reeleição falando ao mesmo tempo que o jornalista.

Sem defesa das urnas eletrônicas. Em outra parte da entrevista, o presidente foi questionado a respeito dos apoiadores que defendem fechamento do Congresso Nacional e do STF. Ele alegou que estas pessoas estão exercendo sua liberdade de expressão e não condenou o comportamento.

Quando alguns falam em fechar o Congresso é liberdade de expressão deles. Eu não levo para esse lado, e para mim isso daí faz parte da democracia. Não posso é eu ameaçar fechar o Congresso. Ou o Supremo Tribunal Federal."

A lista de oportunidades perdidas por Bolsonaro para manifestar apreço às instituições e à democracia também incluiu o momento em que foi questionado a respeito das urnas eletrônicas. O candidato à reeleição não quis assumir o compromisso de que vai respeitar o resultado das urnas.

Ele preferiu repetir o discurso que coloca em dúvidas o sistema de votação brasileiro. Citando um suposto inquérito da Polícia Federal, o presidente afirmou que hackers ficaram dentro do TSE por mais de meio ano.

E mesmo diante da insistência de Bonner em arrancar o compromisso de que aceitaria o resultado das urnas, Bolsonaro evitou fazer declaração neste sentido —e impôs, indiretamente, condição para isso.

Serão respeitadas as urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes. Como você diz que são auditáveis e em 2014 não aconteceu isso?"

Bolsonaro se julga exemplo na pandemia. Renata Vasconcellos falou sobre a maneira como o governo federal administrou a pandemia. A apresentadora lembrou que o presidente imitou pacientes com falta de ar, dos nove dias em que Manaus ficou sem oxigênio, da declaração de que a vacina transformava as pessoas em "jacaré" e da afirmação vinculando a vacina à transmissão de aids —esta última, alvo de inquérito.

Bolsonaro afirmou que fez uma das melhores gestões da pandemia do mundo. "Raro [o] país no mundo que fez o que fizemos", falou o presidente. Questionado se havia arrependimento pelo comportamento e pelas frases ditas durante a crise sanitária, Bolsonaro falou sobre envio de recursos a estados e municípios e da CPI da covid-19.

 

 

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