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Presidenciáveis veem golpe de Lira ao encampar plano do semipresidencialismo
Política
Publicado em 12/04/2022

 

Há rejeição à mudança do atual sistema para dar mais força ao Congresso; atualizar lei do impeachment tem mais apoio.

 

BRASÍLIA

Bandeira de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara dos Deputados, o semipresidencialismo é considerado "golpe", "fonte de instabilidade política" e uma "jabuticaba brasileira" pelos pré-candidatos ao Palácio do Planalto nas eleições de 2022.

Folha consultou os presidenciáveis que pontuaram na última pesquisa Datafolha e houve rejeição unânime à proposta, que propõe modificar o atual sistema político e dar mais força ao Congresso.

Os presidentes Arthur Lira e Jair Bolsonaro
Os presidentes Arthur Lira e Jair Bolsonaro - Lucio Tavora/Xinhua

pedetista Ciro Gomes (CE), que aparece em terceiro lugar no levantamento, foi um dos mais incisivos contra a mudança.

 

"É golpe porque, na minha opinião de professor de direito constitucional, parlamentarista que eu sou, fiz campanha pelo parlamentarismo, mas o plebiscito [de 1993 em que quase 70% dos eleitores rejeitaram o parlamentarismo] transforma o presidencialismo em cláusula pétrea", afirma.

"Nem sequer emenda é constitucionalmente tolerável porque o poder constituinte originário, o povo, votou explícita e claramente, por folgada maioria, pelo presidencialismo."

 

Ciro afirma ainda que, se a PEC avançar na Câmara, vai entrar na Justiça para barrar a medida.

Empatado com Ciro na terceira posição, o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) —que nos últimos dias afirmou ter desistido por ora de se lançar, mas depois voltou atrás— avalia que o semipresidencialismo, "com a elevada fragmentação partidária brasileira, seria uma fonte de instabilidade política."

"Além disso, a liderança governamental seria escolhida sem a necessária transparência", diz.O sistema semipresidencialista é uma espécie de parlamentarismo em que o presidente da República conserva um pouco mais de poder nas mãos em relação ao parlamentarismo tradicional e menos do que no presidencialismo atual.

O presidente, eleito pelo voto direto, seria o chefe de Estado, comandante supremo das Forças Armadas e com o poder de dissolver a Câmara em caso de grave crise política e institucional. O presidente é o responsável por indicar o primeiro-ministro, que é quem governará, de fato, com o conselho de ministros.

Na Câmara, a minuta de PEC do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) prevê que o primeiro-ministro seria escolhido preferencialmente entre os membros do Congresso, por voto da maioria absoluta dos parlamentares.

Além disso, o plano de governo deve ser aprovado pelo Congresso. Ou seja, o semipresidencialismo dá ao Congresso mais poder do que ele tem hoje. ​Na avaliação do presidente da Câmara, o modelo é uma forma de "estabilizar mais o processo político dentro do Congresso Nacional".

A ideia de Lira é debater o tema neste ano, para possível entrada em vigor a partir de 2030. Para isso, ele criou, em meados de março, um grupo de trabalho com prazo de 120 dias de atuação.

O colegiado, coordenado por Samuel Moreira, é composto por deputados e assessorada por um conselho consultivo encabeçado pelo ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim e formado pelo ex-presidente Michel Temer, por ex-ministros do STF e por juristas.

 

 

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