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Villa: Bolsonaro caminha para a cadeia
Política
Publicado em 21/01/2022

O elo mais fraco da organização criminosa chefiada por Jair Bolsonaro é o Rio de Janeiro. Lá, tanto na Câmara dos Vereadores como na Assembleia Legislativa, foi organizado o esquema das rachadinhas. Reportagem da revista Veja com o íntimo amigo de Bolsonaro, o capitão Waldir Ferraz, expõe parte do funcionamento do esquema. 

Mais uma vez, alguém do entourage de Bolsonaro, toca no tema mais sensível para o presidente da República, especialmente em um ano eleitoral. Fica no ar a impressão de que os seus velhos amigos querem receber o devido pagamento pela fidelidade de décadas ao esquema criminoso das rachadinhas. Quando Fabrício Queiroz manifesta o desejo de ser candidato à deputado federal com o apoio da famiglia Bolsonaro, é um claro sinal de que está cansado de passar por dificuldades financeiras enquanto o chefe se locupleta no Palácio do Planalto. Não custa recordar a entrevista dada no ano passado para o SBT quando ele manifestou que estava amargurado com o esquecimento de Bolsonaro. 

O esquema criminoso tem muitos fios desencapados. Teve a participação de dezenas de funcionários fantasmas. Mas, curiosamente, até o momento somente dois amigos de Bolsonaro trataram do tema. Tudo indica que os demais participantes estão aguardando o momento correto para denunciar a maracutaia. E que, o que é plenamente justificável, temem pela vida. Afinal, é uma organização criminosa que tem laços com o crime organizado carioca. Vale recordar a amizade de Bolsonaro com o ex-capitão Adriano da Nóbrega, executado pela polícia baiana em 2020, e com Ronnie Lessa, o assassino de Marielle Franco. 

O capitão Waldir Ferraz parece uma figura patética. Parece, mas não é. É homem de confiança de Bolsonaro. Inclusive - sinal dos tempos sombrios que vivemos - tem um serviço de informações próprio e que abasteça diariamente o Presidente da República. Ter acusado a segunda esposa de Bolsonaro como única organizadora e beneficiária do esquema das rachadinhas causa estranheza. Mais ainda ao dizer que Bolsonaro de nada sabia, o que é uma piada de mal gosto. 

Tudo indica que teremos novidades sobre o caso. Muitos dos participantes do esquema deverão ser procurados pela imprensa ou, até, por partidos políticos contrários a Bolsonaro. E, certamente, terão muito a dizer. Contudo, a investigação vai ficar paralisada por motivos alheios à Justiça. 

Mas, como diz a música, "está chegando a hora". Bolsonaro caminha para o fim do seu mandato. Sabe que não haverá mais empecilhos para que as investigações sobre as rachadinhas finalmente cheguem a bom termo. E aí, como se dizia no passado, "vai ver o sol nascer quadrado". 

 

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