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O disco italiano esquecido de Chico Buarque
ENTRETENIMENTO
Publicado em 02/07/2021

A antiga e profunda relação do artista com o país europeu ficou marcada em um disco e um show no ano de 1996.

 

Chico Buarque em apresentação no teatro Ariston de Sanremo, no ano de 1996 — Foto: STUDIO BRENZONI via BBC

Chico Buarque em apresentação no teatro Ariston de Sanremo, no ano de 1996 — Foto: STUDIO BRENZONI via BBC

Um ano antes, os italianos já tinham sido apresentados à música do jovem compositor brasileiro com La Banda na voz da popular Mina.

Adepto da "arte do encontro" preconizado por Vinicius de Moraes, Rambaldi virou uma figura apreciada pelos músicos brasileiros que se apresentavam na Itália graças ao compositor e produtor Sergio Bardotti, amigo e parceiro italiano de Chico, que por sua vez apresentou Bardotti a Vinicius, rendendo novas parcerias.

O círculo explica o motivo de Chico Buarque ter saído do Brasil naquele final de 1996, num ano em que não fez nenhum outro show, para se apresentar no teatro Ariston di Sanremo em homenagem a Rambaldi, que ele conheceu em 1981, quando foi premiado no Tenco.

"Eles só se encontraram nessa ocasião, mas Chico entendeu o personagem que era Rambaldi e o estimava muito. Entre eles estava Bardotti, claro. Ele nem cobrou cachê por aquela apresentação", recorda Enrico de Angelis, diretor-artístico do Tenco à época.

 

 

Chico Buarque na conferência em homenagem a Sergio Bardotti em 2017, para lembrar os dez anos da morte do italiano. O homem em pé, que conversa com Chico, é Enrico de Angelis, também citado — Foto: Reprodução via BBC

Chico Buarque na conferência em homenagem a Sergio Bardotti em 2017, para lembrar os dez anos da morte do italiano. O homem em pé, que conversa com Chico, é Enrico de Angelis, também citado — Foto: Reprodução via BBC

Nascido em Sanremo, cidade à beira-mar no norte italiano com grandes floriculturas, Amilcare Rambaldi se dedicou profissionalmente à exportação de flores. Partiu dele a ideia de criar um evento de música na cidade, origem do festival de Sanremo, cuja primeira edição aconteceu em 1951. Ainda hoje o festival é o maior da Itália, com edições televisionadas e grande repercussão nacional.

 

Rambaldi criou o clube e o prêmio Tenco - homenagem ao cantor Luigi Tenco, morto em 1967 e autor do clássico Ciao amore ciao - em 1974. O objetivo era rivalizar com o próprio Sanremo, existindo quase como seu lado B: dedicado à música autoral, italiana e estrangeira, e tradicionalmente abrigando novidades e veteranos num clima mais relaxado e festivo.

Na segunda edição do Tenco, o artista premiado foi Vinicius de Moraes, início da longa relação com a música brasileira. "O nosso grande intermediário sempre foi Bardotti", conta Enrico de Angelis.

Desde então, já foram homenageados Tom Jobim, premiado em 1990 e que se apresentou naquela edição com Caetano Veloso, Gilberto Gil (em 2002) e Milton Nascimento (2008).

Quando foi premiado em 1981, Chico compareceu ao evento, mas como estava afastado dos palcos, não se apresentou. "O show demorou 15 anos", ressalta De Angelis.

 

Na apresentação registrada em Ciao ragazzo, Chico canta com Enzo Jannacci (morto em 2013) e faz solo dois covers do cancioneiro italiano. Um é Genova per noi, música de Paolo Conte que ele conheceu escutando rádio durante uma viagem a Marrakesh, já gravada por ele num dueto com Zizi Possi. O outro é Anema e core, canção celebrizada pelo napolitano Roberto Murolo e cantarolada pelo pai, Sérgio Buarque de Holanda, que copiava até o dialeto de Nápoles (devidamente replicado pelo filho no show).

 
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