O chefe dessa organização, segundo o delator, seria o empresário Rafael Alves, que não tinha nenhum cargo na prefeitura, mas que dava até expediente na Cidade das Artes, numa sala ao lado do irmão Marcelo Alves, que foi presidente da Riotur.
Em algumas mensagens interceptadas durante as investigações, Rafael Alves chegou a dizer que fez o irmão se tornar presidente da Riotur. Além disso, afirmou possuir a “caneta”, sugerindo dar as ordens na prefeitura do Rio, nomeando quem quisesse para cargos e escolhendo as empresas que iriam fazer contratos com o município.
Segundo os investigadores, foi a partir dessa influência que surgiu o esquema de propina e extorsão de empresários que queriam fazer contratos com a prefeitura.As investigações apontaram que empresas que tinham interesse em fechar contratos ou tinham dinheiro para receber do município entregavam cheques a Rafael Alves.
A partir da propina, o empresário facilitaria a assinatura dos contratos e o pagamento das dívidas.
O ex-delegado Fernando Moraes, também preso na operação, foi citado em trocas de mensagens entre Rafael Alves e o ex-senador Eduardo Lopes. Ele ficou famoso quando chefiou a Divisão Antissequestro do Rio.
Após se aposentar, chegou a se tornar vereador na cidade.
Atualmente ele faz parte do Conselho Diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp).
Intimidade com o prefeito.
O empresário Rafael Alves esbanjava muita intimidade com o prefeito Crivella.
Eles eram vistos caminhando juntos próximo ao condomínio onde mora o prefeito.
Trocas de mensagens que vieram à tona quando foi deflagrada a Operação Hades mostraram
que ele conversava com o prefeito a todo instante e que marcavam jantares e encontros frequentes.
Também durante a primeira fase da operação, um vídeo mostrou
um delegado atendendo a uma suposta ligação do prefeito Crivella para o celular do empresário Rafael Alves.
O relatório afirma que na tela do celular apareceu a identificação da pessoa que estava ligando: “
Prefeito Crivella Novo 2”.
O delegado atendeu a chamada e identificou a voz do interlocutor como sendo do prefeito Marcelo Crivella, que disse:
“Alô, bom dia Rafael. Está tendo uma busca e apreensão na Riotur?
Você está sabendo?”.
Na operação desta terça-feira, outro mandado é cumprido contra Rafael Alves no Porto do Frade, em Angra dos Reis, no
Sul Fluminense, para apreender uma lancha de 77 pés que pertence a ele.