Presidente foi criticado por voto do ministro a favor da obrigatoriedade da vacina e retrucou para apoiadores: "Direita burra, idiota, não sabem o que foi votado"
Alvo de críticas de apoiadores nas redes sociais, em razão do voto do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), a favor da obrigatoriedade da vacinação contra o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa do magistrado, indicado por ele à Corte, e disse que quem está reclamando não soube interpretar o voto do ministro.
Durante live na noite desta quinta-feira (17/12), Bolsonaro disse que Marques foi voto vencido no plenário do tribunal, pois foi o único ministro a defender que a aplicação de medidas restritivas contra quem se recusar a ser vacinado deve partir apenas do governo federal. Os demais magistrados formaram maioria para permitir que, além do presidente da República, governadores e prefeitos também possam penalizar as pessoas que se opuserem à imunização.
Para o presidente, os apoiadores que criticaram Marques não sabem ler. Bolsonaro os chamou de "direita burra, direita idiota". "Nas mídias sociais, os caras descem a lenha em mim: 'Olha o teu ministro, que você botou no Supremo, olha o que ele fez'; 'não voto mais em você’. Esculhambam a gente. Não sabem o que foi votado. Lógico que a esquerda bate palma para essa direita burra, direita idiota. Bateram palma para vocês. Vocês não sabem, não interpretam, não conseguem saber o que foi votado e descem o cacete”, reclamou.
O chefe do Executivo afirmou que, se fosse ministro do STF, teria votado da mesma maneira. "O que o senhor ministro Kassio falou? Que medidas restritivas poderiam ser impostas apenas pelo governo federal. Nada mais justo. Quando se fala em vacinação, em saúde, tem que ter hierarquia", observou o presidente.
Bolsonaro lembrou dos votos de Marques em outras duas matérias julgadas pelo STF para reforçar a defesa do ministro: na de terça-feira (15/12), em que ele se posicionou contrário à possibilidade de amantes dividirem pensão por morte com a viúva ou o viúvo, e, na da última sexta-feira (11/12), quando ele negou uma solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR) em um processo envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No caso de Lula, especificamente, Marques foi contra o pedido da PGR de manter o depoimento de Antônio Palocci no processo que investiga se o ex-presidente recebeu propina pela empreiteira Odebrecht na compra de um imóvel para o Instituto Lula. Bolsonaro, contudo, disse que o ministro não favoreceu o petista.
"Foi num embargo de declaração. Procura saber o que é embargo de declaração e, depois, me critica, ou critica o Kassio. Enquanto não souber o que é isso, não fica me criticando. Não fica agindo como papagaio repetindo o que um idiota escreve, que logicamente não é idiota, que escreve para descascar você", esbravejou.
"Você, fedelho que está me criticando, eu não tenho ascendência sobre o ministro Kassio, eu indiquei para lá por aquilo que eu tenho de afinidade com ele. No momento, nada de errado. Se eu estivesse no lugar dele, eu teria votado nas três coisas da mesma maneira", acrescentou Bolsonaro.