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Jovem do Vasco fala de barreira contra negros e morte recente: 'podia ser eu'
ESPORTE
Publicado em 24/11/2020

Lucão teve um fim de semana daqueles, em que você vive um turbilhão de emoções. Na sexta-feira, tomou conhecimento do caso de João Alberto Silveira Freitas, homem preto que foi morto por seguranças de um supermercado em Porto Alegre. No sábado, soube que disputaria pela primeira vez uma partida do Campeonato Brasileiro depois que Fernando Miguel testou positivo para a Covid-19 . No domingo, entrou em campo contra o São Paulo e foi um dos melhores nomes do Vasco na partida no Morumbi .

 

 

 

 

O garoto de 19 anos não se calou diante do novo caso de racismo que abalou o país. Nas redes sociais, respondeu ao pronunciamento do Carrefour com palavrões. Questionado por pessoas próximas se tinha certeza de que queria se manifestar daquela forma, bancou a insatisfação ao dizer que ela "veio do coração"

 

 

 

 

 

 

 

— Esse caso mexeu comigo de uma forma gigante porque ele era da minha cor. Poderia ser eu. Isso é o que mais pesa, poderia ser minha mãe, meus irmãos. Eu vejo esse caso e penso logo na minha família — explicou Lucão ao GLOBO.

O jogador, apesar da idade, mostra desenvoltura com as palavras. Preto, tenta vingar na posição que serve de prova da existência do racismo estrutural dentro do futebol brasileiro. Afinal, pesa sobre os negros o estigma de que não são bons goleiros, algo que ficou vinculado a Barbosa, titular da seleção brasileira de 1950 que levou os gols da derrota na final da Copa do Mundo, contra o Uruguai.

 

 

 

 

 

Apesar do destaque de nomes como Dida, que disputou três Mundais pela seleção, e Jefferson, reserva na Copa de 2014, Lucão acredita que ainda existe o preconceito contra goleiros pretos no Brasil.

 

 

 

 

 

— Vai incomodar um pouco o que as pessoas acham, mas pode olhar o retrospecto no Campeonato Brasileiro. São poucos goleiros pretos, é difícil. Então são barreiras que a gente vai quebrando. Por mais que ainda seja difícil, no que vai aparecendo de repente um Lucão, como foi o Aranha, como foi o Barbosa, acredito que isso possa abrir portas. Temos de estar sempre batalhando para sermos os melhores porque sempre vai ter um motivo para quererem diminuir a gente — afirmou.

 

 

 

 

 

Quanto à falta de goleiros pretos no Campeonato Brasileiro, Lucão foi certeiro. Dos 42 goleiros que entraram em campo até agora na Série A, além de Lucão, outros sete são jogadores pretos (Everson, Hugo Souza, Mailson, Gabriel Batista, Jailson, Saulo e John). Apenas Everson, do Atlético-MG, é titular.

 

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