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Auxílio é caro para quem paga: entenda por que Bolsonaro repete frase há 4 meses
16/10/2020 08:32 em NOTÍCIA

Presidente citava a renda emergencial como um sucesso de seu governo, mas de junho para cá começou a desestimular o programa

 

 

 

 

No mês de junho, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a extensão do auxílio emergencial, com mais quatro parcelas de R$ 300. Em agosto, o vice-presidente Hamilton Mourão disse à imprensa que a criação do  programa e as medidas de crédito como contenção à crise da pandemia de Covid-19 levaram à alta na popularidade do presidente. Só que o discurso de Bolsonaro foi mudando.

 

 

 

 

 

 

Nas transmissões ao vivo em suas redes sociais ou em pronunciamentos oficiais até o meio do ano, Bolsonaro citava o auxílio emergencial como uma medida de sucesso de seu governo. De junho em diante, o presidente começou a usar a frase: "O auxílio é pouco para quem recebe e muito para quem paga", afirmando que o gasto público para bancar a renda emergencial é elevado.

 

 

 

 

 

 

O iG apurou que  nem todos os beneficiários do auxílio emergencial receberão todas as parcelas, já que o calendário se encerra em janeiro de 2021. Quem começou a receber o auxílio a partir de maio não receberá todo o benefício.

Confira a retrospectiva da mudança no discurso do presidente sobre o auxílio emergencial e os temas em jogo em cada fala de Bolsonaro.

 

 

 

 

 

 

Junho: "R$ 600 é muito para quem paga, é insuficiente, mas atende"

 

No dia 9 daquele mês, Bolsonaro fez uma reunião com líderes partidários no Palácio da Alvorada. Foi decidida a publicação de nova medida provisória para a extensão do auxílio em parcelas de R$ 300. 

 

 

 

 

 

O presidente declarou à imprensa, no evento, que o valor seria pouco mais da metade do salário mínimo e que os R$ 300 atendem "a economia, em cima da responsabilidade fiscal".

 

 

 

 

 

 

"Como vínhamos dizendo, R$ 600 é muito para quem paga, no caso o Brasil, e podemos dizer que não é um valor suficiente muitas vezes para todas as necessidades, mas basicamente atende", afirmou Bolsonaro, na ocasião.

 

 

 

 

 

 

 

 

Julho: "Não podemos nos endividar"

 

Durante uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, Bolsonaro disse que o governo não poderia manter o pagamento do auxílio emergencial, pois o programa custava R$ 50 bilhões por mês aos cofres públicos.

 

 

 

 

 

"Não podemos nos endividar tanto assim", disse Bolsonaro sobre o auxílio emergencial na live. Na mesma transmissão, o presidente errou ao falar do calendário, dizendo que a quarta parcela já estava sendo paga naquele momento.  Confira o calendário completo do auxílio emergencial aqui.

 

 

 

 

 

Agosto: "Comecem a ter consciência de que não pode ser eterno"

 

No dia 21 de agosto, Bolsonaro esteve em um evento no Rio Grande do Norte quando voltou a falar sobre o auxílio. "São R$ 50 bilhões por mês, para deixar bem claro. Então, se for possível, nós o manteremos. Mas vocês comecem a ter consciência de que não pode ser eterno ", afirmou o presidente.

 

 

 

 

 

 

Na semana seguinte, no dia 27, Bolsonaro reafirmou a ideia em uma transmissão em suas redes. "Eu tenho conversado com a equipe econômica, o Paulo Guedes. Não dá para manter os R$ 600. Falam em R$ 200, é pouco também demais. E digo: R$ 600 é pouco para quem recebe, mas muito para quem paga. A ideia é entre R$ 200 e R$ 600 até o final do ano."

 

 

 

 

 

 

Além disso, o presidente convocou os beneficiários do auxílio emergencial a "voltar ao trabalho": "Quando foi criado era para três meses. Passamos para cinco. Alguns querem para mais quatro. Impossível. Quebra o Brasil, perdemos a confiança. E nós temos que voltar ao trabalho". Em pesquisa divulgada em junho, o IBGE mostrou que 7,8 milhões de postos de trabalho foram fechados até maio, como resultado da crise da pandemia.

 

 

 

 

 

 

Setembro: "R$ 300 é muito para quem paga"

 

No dia 3 de setembro, o presidente esteve na cidade de Eldorado (SP). No evento, afirmou que o valor de R$ 300, da prorrogação do auxílio emergencial, é "muito para quem paga". Bolsonaro também citou que a dívida pública do Brasil chega a quase R$ 1 trilhão.

 

 

 

 

 

 

“Eu sei que R$ 300 é pouco, mas para quem paga, que é o Brasil, é muito. Não podemos continuar nos endividando com quase R$ 50 bilhões por mês”, declarou. 

 

 

 

 

 

 

Na ocasião, Bolsonaro voltou a incitar a ideia de reabertura da economia. “Até porque a própria OMS (Organização Mundial da Saúde), que para mim não tem qualquer credibilidade, agora diz que não podemos dissociar vida da economia e também devemos aprender a conviver com o vírus, mesmo após a vacina que está por vir”.

 

 

 

 

 

Outubro: "Não é para sempre, tenham isso na cabeça. É caro demais para a União"

 

No dia 9 deste mês, em evento na cidade de Breves (PA), o presidente reforçou o fim do auxílio emergencial e falou novamente que a renda de socorro custa caro para o país.

 

 

 

 

 

"O auxílio emergencial não é para sempre, tenham isso na cabeça. Até porque é caro demais para a União. É pouco até para quem recebe, eu reconheço. Mas é caro demais para a União", disse Bolsonaro no Pará.

"Sabemos dos efeitos dessa pandemia. Lamentavelmente, alguns obrigaram vocês a ficar em casa. Eu não tive participação nisso, por decisão do Supremo Tribunal Federal”, afirmou o presidente sobre as medidas de isolamento como contenção à pademia de Covid-19.

 

 

 

 

 

 

Fim do auxílio emergencial, começo do Renda Cidadã

 

O governo Bolsonaro tem articulado o  Renda Cidadã como um programa de transição, depois do fim do auxílio emergencial, em 2021.

 

 

 

 

 


Já outro programa discutido – desenhado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes – é o  Renda Brasil, que deve ser implementado após o Renda Cidadã.

 

 

 

 

 

 

Ainda não há uma previsão de aprovação e implementação dos programas, que seguem sem ter seus financiamentos definidos. Tanto Guedes como Bolsonaro já disseram que as discussões sobre os "Rendas" ficarão para depois das eleições municipais, que acontecerão em novembro.

 

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