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Planalto, Congresso e estados selam congelamento de salário de servidor
Publicado em 22/05/2020 08:52
NOTÍCIA
  • A crise política que surgiu no país nos últimos meses devido aos constantes embates entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores teve uma pausa momentânea ontem, quando o chefe do Executivo conversou com os líderes estaduais pela primeira vez desde março para discutir a situação da pandemia do novo coronavírus. Em um tom mais ameno e harmonioso, o comandante do Planalto prometeu aos gestores sancionar até hoje o projeto de lei de socorro financeiro da União a estados e municípios em razão da crise causada pela covid-19 e ainda deixou a porta aberta para futuras reuniões. Bolsonaro recebeu apoio dos governadores para vetar o trecho do projeto de auxílio financeiro que permite o reajuste salarial a algumas carreiras do funcionalismo público. O governo federal quer retirar o dispositivo do texto para garantir uma economia aos cofres públicos de R$ 130 bilhões pelos próximos 18 meses e congelar as recomposições, pelo menos, até o fim de 2021. Por sua vez, o mandatário garantiu que “as progressões e as promoções vão continuar ocorrendo normalmente”.
  • “Ao longo das últimas semanas foi conversado o que o servidor poderia colaborar em um momento crítico como esse. Tiveram várias propostas, como redução de 25%, e chegamos à conclusão de que congelando os proventos e remuneração até fim do ano que vem esse peso seria menor, mas de extrema importância para todos nós. Bom para o servidor, porque o remédio é o menos amargo, mas de extrema importância para os 210 milhões de habitantes do Brasil”, ressaltou Bolsonaro.
  • Ele comprometeu-se a manter na proposta o artigo que propõe que estados e municípios possam realizar aditamento contratual que suspenda os pagamentos devidos neste ano de operações de crédito interno e externo celebradas com o sistema financeiro e instituições multilaterais de crédito. Os governadores também pediram que a primeira parcela do auxílio fosse repassada ainda neste mês.
  • Pacificação
  • Cercado de ministros e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), durante a reunião, Bolsonaro deu esperança à classe política, que viu no comportamento mais moderado do presidente um sinal de que é possível haver mais convergência e trabalho integrado entre todos os entes federativos para o Brasil superar a pandemia, a despeito de todas as disparidades de pensamentos vistas desde que o país confirmou o primeiro diagnóstico da doença, há 87 dias. “Vamos fazer desta reunião não só uma vitória nossa, mas de todo o povo brasileiro”, declarou Bolsonaro, ao fim do encontro.
  • As sinalizações de trégua partiram também dos governadores. Além de parabenizar Bolsonaro pela reunião com os representantes de todos os estados, os gestores estenderam a mão para o governo federal e disseram que será importante a “união” de todos para contornar a crise sanitária. É uma mudança significativa de Bolsonaro que, há uma semana, declarou “guerra” contra os governadores e disse que era preciso “jogar pesado” contra eles devido às medidas de isolamento social e às restrições de funcionamento de serviços e comércios — os dois temas, porém, não foram discutidos no encontro.
  • “Vamos em paz, presidente, vamos pelo Brasil e vamos juntos. É o melhor caminho e é a melhor forma de vencer a pandemia”, disse o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos principais desafetos recentes de Bolsonaro.
  • Governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) afirmou ser necessária uma “coordenação central” pelo governo federal para combater a crise do novo coronavírus, que contasse com a participação do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e de governadores e prefeitos. “Que a gente possa ter uma coordenação central, porque vai viver ainda um tempo significativo de crise (da covid-19). O que não precisamos, no momento, é de uma crise política. Precisamos proteger os mais vulneráveis”, frisou.
  • Dos políticos que participaram do encontro, a mensagem também foi de pacificação. Alcolumbre disse que “chegou a hora de todos nós darmos as mãos e levantarmos bandeira branca, porque estamos vivendo um excepcional momento de guerra”. “E na guerra todos perdem. A gente tem de ter a consciência de que essa crise é sem precedente na nossa vida, mas seremos cobrados por qual atitude tomamos para enfrentar a dificuldade de saúde pública que já tirou a vida de 20 mil brasileiros, milhares perdendo a chance de um futuro promissor. Nós temos responsabilidade com 210 milhões de brasileiros”, completou.
     
    “Essa fotografia e a sanção desse projeto vão servir para aqueles que insistem em nos dividir. Eles perderão. Estamos unidos com o povo brasileiro, todos os Poderes ao lado dos governadores e prefeitos para enfrentar de cabeça erguida a maior crise sanitária do Brasil e da humanidade e saber qual o país que a gente quer após a pandemia”, acrescentou Alcolumbre.
     
    Já Maia destacou que o projeto de socorro a estados e municípios pode criar melhores condições para o país se recuperar após a pandemia. “A união para o enfrentamento do coronavírus é para salvar vidas. Esses recursos vão nessa linha, e com todos unidos teremos os resultados melhores para a população brasileira. Teremos uma nova realidade e uma necessidade de reorganização do Estado brasileiro”, disse o presidente da Câmara.
     
    Ajuda só deve começar em junho
    Durante a reunião com governadores, Bolsonaro não respondeu se conseguiria atender à solicitação deles de que a primeira parcela do auxílio fosse repassada ainda neste mês. Horas mais tarde, porém, a equipe econômica sinalizou que o socorro só deve começar em junho. É que o governo prevê mais três etapas burocráticas até o início das transferências para os entes. Após a sanção, o governo vai precisar liberar esse recurso, editando uma medida provisória com o crédito extraordinário de R$ 60,15 bilhões, operacionalizar o sistema de transferência desses valores e aguardar a contrapartida dos estados e municípios, que é a retirada das ações judiciais que tenham sido impetradas contra a União por causa da pandemia. “Havendo a sanção célere, entendemos que na máxima brevidade será pago. É possível garantir até 31 de maio? Pode ser, mas condicionado a esses três itens”, alertou o secretário especial da Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues.
     
    Quatro meses de socorro
     
    A União entregará aos estados e municípios R$ 60 bilhões, na forma de auxílio financeiro, em quatro parcelas mensais. O dinheiro deve ser aplicado em ações de enfrentamento à covid-19 e para mitigação de seus efeitos financeiros, da seguinte forma:
     
    I – R$ 10 bilhões para ações de saúde e assistência social, sendo:
    a) R$ 7 bilhões aos estados e ao Distrito Federal
    b) R$ 3 bilhões aos municípios
     
    II – R$ 50 bilhões, da seguinte forma:
    a) R$ 30 bilhões aos estados e ao Distrito Federal
    b) R$ 20 bilhões aos municípios
    Fonte: PLP 39/2020

     

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