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ALTAMIRA: Quatro presos envolvidos em massacre em presídio são mortos por asfixia em transferência para Marabá
POLÍCIA
Publicado em 01/08/2019

Quatro detentos que sobreviveram ao massacre no presídio de Altamira foram assassinados durante a transferência. Eles faziam parte de um grupo de 30 detentos a caminho até a cidade de Marabá, a 600 km de distância.

Segundo nota do governo do Pará, de Helder Barbalho (MDB), as mortes ocorreram dentro de um caminhão de transporte de presos entre as 19h de terça-feira (31) e a 1h desta quarta. Eles viajavam algemados e estavam divididos em quatro celas.

As mortes ocorreram por asfixia e só foram descobertas na chegada a Marabá. Sempre de acordo com a versão do governo estadual, os quatro mortos integravam a mesma facção criminal. 

São eles: Dhenison de Souza Ferreira, José Ítalo Meireles Oliveira, Valdenildo Moreira Mendes e Werik de Sousa Lima.

O governo transferiu 46 presos de Altamira. Desses, 10 irão a presídios federais fora do Pará. Com isso, sobe para 62 o número de vítimas em decorrência da rebelião da última segunda-feira (30). 

Guardados de forma improvisada em um caminhão frigorífico sob o inclemente sol amazônico, os corpos estão se decompondo em meio à dificuldade para identificar as vítimas. Foram 16 pessoas esquartejadas e 41 carbonizadas. 

Por falta de espaço, os cadáveres estão sendo exumados sob uma tenda improvisada e sem refrigeração no pátio do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, o equivalente paraense do IML, sob gestão estadual. O mau cheiro vem principalmente quando os peritos abrem a porta do caminhão.

O presidente Jair Bolsonaro comentou a morte dos presos durante a transferência. De acordo com ele, isso são problemas que “acontecem”.

“Com toda a certeza, deveriam estar feridos, né? É como uma ambulância quando pega uma pessoa até doente, no deslocamento, ela pode falecer”, disse Bolsonaro. “Pessoal, problemas acontecem, está certo?”, ressaltou.

REBELIÃO

Ao menos 58 presos morreram —sendo 16 decapitados— no Centro de Recuperação Regional de Altamira, unidade prisional no sudoeste do Pará. Esta é a maior rebelião do ano, superando a de maio em Manaus.

Segundo o Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), a rebelião começou por volta das 7h, durante o café da manhã.

O motivo do massacre é uma disputa entre duas facções criminosas pelo controle da unidade prisional de Altamira, segundo o governo do Pará.

O Comando Classe A (CCA) é adversário da facção carioca Comando Vermelho (CV), quem vem se expandindo no Norte por meio de alianças regionais e da perda de poder na região do Primeiro Comando da Capital (PCC), alvo do massacre do Ano Novo de 2017 nos presídios de Manaus.

Relatório do CNJ mostrou que a unidade tem condições classificadas como “péssimas”. Além de superlotada —343 cumpriam pena no local, mais que o dobro da sua capacidade, de 163 vagas—, inspeção do conselho detectou que “o quantitativo de agentes é reduzido frente ao número de internos custodiados”. ​(Fabiano Maisonnave e Gustavo Uribe/Folha de SP)

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