GOVERNO FEDERAL DO CEU AO INFERNO DE UMA HORA PRA OUTRA
Popularidade em queda livre , Ex juiz Moro fragilizado e chamado de empregado do governo pelo Presidente do Congresso Nacional , olhem em que situação chegaram.
Não só ele: a ação da Lava Jato ocorre em um momento de extrema fragilidade do ex-juiz que simbolizava a operação, o hoje ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública).
Mas é preciso colocar o impacto político em perspectiva: a reação do mundo político tende a ser negativa para a tramitação da reforma da Previdência, pedra fundamental para a existência do governo.
Não se está insinuando aqui que a Lava Jato agiu para ajudar políticos, apenas se trata do contexto da ação.
O começo tumultuado do governo Bolsonaro começou a cobrar preço de popularidade do presidente, como mostrou pesquisa do Ibope divulgada na quarta (20).
A lista de imbróglios é enorme: disputa entre a ala ideológica do governo e os militares, o caso Queiroz e milícias, o laranjal do PSL, declarações estapafúrdias de ministros, desconfianças cada vez maiores entre seus aliados no agronegócio, as dificuldades em amarrar a tramitação da reforma da Previdência.
Acima de tudo, devido muito ao último item, a sensação de estagnação na economia. Por óbvio, melhorias não acontecem do dia para a noite, mas a confluência de crises dá pistas para o desgaste.
A prisão de Temer traz à tona novamente um dos esteios da onda de direita que levou o improvável Bolsonaro ao Planalto: a ideia de que o sistema precisa ser moralizado. Prender um ex-presidente, por mais que sua fama não fosse das melhores, é um sinal poderoso.
Ainda que a ação tenha sido da Lava Jato, a percepção pública confunde sempre as figuras de autoridade, e Bolsonaro sempre associou-se à marca da operação (inventou até uma "Lava Jato da Educação", que não decolou, nomeou Moro ministro).
Se o noticiário irá trazer vantagens duradouras ao presidente, isso parece mais improvável. Mas é um respiro.
A ressalva básica é necessária: como será absorvido o impacto da ação no Congresso em plena discussão da reforma da Previdência.
Aqui, duas leituras são possíveis. Primeiro, que a prisão de um ex-presidente relembrará aos políticos o temor que a Lava Jato costumava gerar em seus dias mais áureos, e com isso facilitar alinhamento automático à proposta do governo pela confusão de figuras de autoridade.
A segunda, talvez mais provável e já perceptível em um apanhado de primeiras reações, seja o aumento da resistência a um governo que tem entre suas marcas de propaganda a ideia de moralizar a "velha política".
Já em relação a Moro, é certo dizer que a ação de seus antigos aliados veio em seu socorro. Desde o começo do governo, a suposta carta branca que Bolsonaro havia lhe dado foi rasgada inúmeras vezes, pelo presidente inclusive.
Nesta semana, contudo, ele viu aberta uma frente de embate séria com ninguém menos que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem trocou animosidades devido à falta de prioridade dada pela Casa ao seu projeto anticorrupção.