Ouvir rádio

Pausar rádio

Offline
Ato bolsonarista reúne público menor, e líder do PL atribui a jogo e a fim do mês
ONG aponta que 12 mil pessoas compareceram a manifestação na avenida Paulista
Por CIDADE FM 91,1 Mhz - GRAJAÚ MA
Publicado em 30/06/2025 08:36
NOTÍCIA
São Paulo

Manifestantes se reuniram na avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste domingo (29), para participar de um ato chamado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua defesa diante do avanço do julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal).

Apesar do clamor do núcleo mais próximo de Bolsonaro por um indulto ou anistia ao ex-presidente, o ato foi divulgado sob um mote mais genérico de "justiça já", deixando em aberto o que seria reivindicado no palanque montado em frente ao Masp.

Bolsonaro, caso condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado, pode ter pena de 40 anos de prisão.

A imagem mostra uma grande multidão em uma manifestação, com muitas pessoas vestindo camisetas amarelas. No centro, um homem de jaqueta azul está com a mão sobre o coração, cercado por câmeras e repórteres. Ao fundo, há uma grande quantidade de pessoas, algumas segurando bandeiras e cartazes. O ambiente parece ser de um evento ao ar livre, com um clima de celebração e apoio.
Jair Bolsonaro e aliados em trio elétrico na Paulista, neste domingo (29) - Eduardo Knapp/Folhapress

Nos discursos, houve críticas às penas dos acusados do 8 de Janeiro. O ex-presidente recentemente chamou de "malucos" aqueles que pediam por intervenção militar após a sua derrota na eleição de 2022.

 

O ato na Paulista, organizado pelo pastor Silas Malafaia, começou pouco antes das 14h, horário em que o ex-presidente subiu ao trio. A movimentação na avenida neste domingo foi menor do que a da manifestação anterior, de abril.

Levantamento realizado pelo Monitor do Debate Político do Cebrap e a ONG More in Common calculou que o público deste domingo na Paulista foi de 12,4 mil pessoas. A mesma contagem citou a presença de 44,9 mil pessoas no ato de 6 de abril na Paulista, e 18,3 mil pessoas em Copacabana, no ato de 16 de março.

 

Quatro governadores participaram: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC). Os dois primeiros são vistos como possíveis presidenciáveis no próximo ano. Publicamente, o governador de São Paulo nega e se diz pré-candidato à reeleição no estado.

Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que também compareceu ao ato, colocou o indulto como uma condição para o apoio do pai em 2026 em entrevista à Folha neste mês. Ele declarou na ocasião que o candidato deve brigar com o STF por isso, se necessário, incluindo até "o uso da força".

O deputado Marco Feliciano (PL-SP), o senador Marcos Rogério (PL-RO), o ex-deputado Deltan Dallagnol e os filhos de Bolsonaro Flávio, Carlos e Jair Renan se reuniram antes no Tivoli Mofarrej, hotel vizinho à avenida.

Bolsonaro esteve antes no Palácio dos Bandeirantes com Tarcísio e outros governadores aliados. Todos se encontraram no hotel, onde se hospedou Silas Malafaia. De lá, seguiram em grupo para o trio elétrico.

Ainda no hotel, Feliciano disse torcer para "que o povo venha, que o povo não desista". "Nós temos razão de estar aqui, temos a questão do 8 de janeiro, da anistia, queremos o presidente Bolsonaro elegível em 2026."

 

O senador Magno Malta (PL-ES) contemporizou a declaração de Flávio sobre um possível "uso da força" contra o STF caso a direita eleja um presidente em 2026. "Nós não temos força, acho que o Brasil hoje, com as Forças Armadas que tem, não tem munição para dez minutos de... Vai usar a força de quem?"

Fez na sequência uma analogia com um rato encontrado em casa. O morador tenta tapar os buracos, "bota mais cimento", mas o roedor sempre aparece de novo.

"Você não vai conseguir [se livrar do rato] fechando o buraco, você só vai conseguir se matar o rato. E, trazendo para nós, o único veneno que nós dispomos é o voto. Então essa força [a qual Flávio se referiu] é trabalhar com força para poder eleger os nossos."

Marcos Rogério definiu o ato do dia como "acima de ideologias e partidos", e sobretudo "um grito de liberdade".

Também circularam críticas à ministra do STF Carmen Lúcia, que na última semana falou que não se pode permitir uma "ágora em que haja 213 milhões de pequenos tiranos soberanos". Estava no meio de seu voto favorável à responsabilidade das plataformas pelo conteúdo divulgado por terceiros.

A frase causou indisposição com a direita bolsonarista. Marcos Rogério, por exemplo, afirmou que "parece muito errado" o tribunal tenta "disciplinar o que que é neutralidade de rede". Magno Malta foi mais feroz no ataque: "Carmen Lúcia foi porta-voz da maior sandice que já pude ouvir em minha vida".

 

Antes da chegada de Bolsonaro, o deputado federal Paulo Bilynskyj e os deputados estaduais Lucas Bove (PL), Letícia Aguiar e Coronel Tadeu, todos do PL, fizeram discursos reclamando do governo Lula e das decisões do STF.

Distribuíram aos presentes papéis com paródias de músicas alegando necessidade de auditoria nas eleições. Uma delas, na versão da música "Mulher Brasileira", de Benito de Paula, diz: "Contagem pública dos votos em primeiro lugar".

"O voto impresso é uma necessidade máxima", disse o deputado federal General Girão (PL-RN).

Um dos manifestantes trazia uma ilustração do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), que se licenciou da Câmara e hoje mora nos EUA, alegando ser alvo de perseguição no país. Ali estavam escritos "fé em Deus" e um obrigado ("thank you very much") ao presidente americano.

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, fez uma breve fala no trio elétrico, exaltando ações de Bolsonaro como presidente. "Quero dizer que esse homem fez tudo quando foi presidente. Todas as empresas davam lucro quando ele foi presidente", afirmou Valdemar.

 

Em seguida, o dirigente do PL ensaiou um jogral com a militância, incitando os presentes a repetir sua fala. "E agora feijão tá caro? O café tá caro? Então volta, Bolsonaro", disse. Nas manifestações anteriores, Valdemar não pôde discursar, por ordem do STF, porque estava impedido de ter contato com outros investigados.

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) usou áudios dos ministros do Supremo para mostrar uma suposta perseguição ao bolsonarismo no país. Também discursou em inglês, como Bolsonaro fizera no protesto de abril, e afirmou que o Brasil está se encaminhando para uma ditadura. Segundo ele, o ex-presidente tenta evitar que isso ocorra.

Em sua fala, Bolsonaro pediu pacificação, fez críticas a Lula, a quem chamou de ladrão, e pediu votos em deputados e senadores de seu partido em 2026.

Ele citou indiretamente a hipótese de não voltar à Presidência. "Se vocês me derem isso [maioria de deputados e senadores], não interessa onde eu esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais do que o presidente da República", declarou.

Tarcísio focou sua fala no governo Lula, em tom de discurso eleitoral, e não citou os ministros do STF, diferentemente de outros participantes do protesto.

 

O ato foi encerrado por volta das 16h.

O processo sobre o núcleo principal da trama golpista está prestes a entrar na reta final. Os réus e testemunhas já foram ouvidos e o ministro Alexandre de Moraes abriu prazo para o Ministério Público apresentar suas alegações finais.

Posteriormente, os réus também terão a oportunidade de apresentar seus argumentos pela última vez antes do julgamento. Caso seja condenado, a pena do ex-presidente pode passar de 40 anos de prisão.

A expectativa no Supremo é que o caso esteja pronto para ir a julgamento no início de setembro.

Apesar de negar ter articulado um golpe, enquanto presidente Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas às claras, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022 e ameaçou não cumprir decisões do STF.

 

Após a derrota para Lula, incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro. No mesmo período, como ele mesmo admitiu publicamente, reuniu-se com militares e assessores próximos para discutir formas de intervir no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e anular as eleições.

Saudosista da ditadura militar e de seus métodos antidemocráticos e de tortura, foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral. Hoje está inelegível ao menos até 2030.

Comentários
Comentário enviado com sucesso!

Chat Online