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Dengue: por que vacinação ainda é baixa mesmo em meio à explosão de casos
NOTÍCIA
Publicado em 19/03/2024

O Brasil vive uma explosão no número de casos de dengue, com mais de 1,8 milhão de registros prováveis e 11 estados que já decretaram situação de emergência por causa da alta incidência da doença entre os habitantes. Mesmo assim, a adesão à vacina patina no país.

O que aconteceu

Pouco mais de um mês depois do início da vacinação, apenas 30,8% das doses distribuídas foram aplicadas até quinta-feira (14). Segundo o Ministério da Saúde, de 9 de fevereiro até semana passada, 381.029 doses foram aplicadas de um total de 1.235.236 já distribuídas.

Falta de percepção do risco, fake news e comunicação pouco efetiva estão entre os fatores citados por especialistas ouvidos pelo UOL que ajudam a explicar a baixa vacinação. "Tem uma questão de percepção de risco que a criança talvez não seja tão acometida pela doença. Também tem um problema de questão logística, é uma faixa etária muito estreita, com doses chegando picadas", avalia Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

"Vacinas sofreram ataque covarde e fraudulento com fake news e pseudociência." A afirmação é de Alexandre Naime Barbosa, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia. "Isso acabou, infelizmente, respingando em todas [as vacinas]."

O Ministério da Saúde diz ter comprado todo estoque disponível de vacinas contra a dengue em 2024 e 2025. A pasta informou coordenar um esforço para ampliar o acesso ao imunizante, solicitou prioridade para essa ação e diz que atuará em conjunto com o Instituto Butantan e a Fiocruz para expandir a produção de vacinas para o Brasil.

Público-alvo das vacinas em 2024 é formado por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. O grupo concentra o maior número de hospitalizações por dengue, depois de pessoas idosas. Inicialmente, a Saúde havia recomendado que a vacinação começasse em pessoas de 10 a 11 anos, mas ampliou a faixa etária diante da baixa procura.

Há dificuldade de levar crianças e adolescentes para as unidades de saúde. "A literatura médica mostra que para todos os tipos de vacina é muito difícil levar essa faixa etária para a sala de vacinação, tanto por conta da agenda dele como da família", explica Isabella Ballalai, segunda-secretária e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Os médicos avaliam que vacinar nas escolas seria importante para aumentar a cobertura. O governo federal, no entanto, passou a recomendar que a imunização ocorra nas unidades de saúde após registros de reações alérgicas. A nova recomendação é a de que sejam feitas observações por 15 a 30 minutos após a aplicação. Apesar desses registros, a vacina é considerada segura.

O Brasil bateu ontem o recorde de contaminações pela doença em um ano. Foram registrados 1.889.206 casos prováveis de dengue em 2024. No mesmo período do ano passado, eram 400.197.

 

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