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'Algo monstruoso. Estamos sofrendo muito', diz irmã de Maria Lindinalva, morta ao ser raptada na BR-135, no MA
Publicado em 10/10/2023 09:17
NOTÍCIA

Principal suspeito do crime é o policial militar Ricardo Braz Oliveira, que está preso. Familiares cobram justiça no caso.

Familiares e amigos de Maria Lindinalva Carvalho ainda sofrem com a perda repentina da trabalhadora, que foi morta após ser raptada, no dia 14 de setembro, na BR-135, em Miranda do Norte, a cerca de 140 km de São Luís.

O policial militar Ricardo Braz Oliveira, de 42 anos, está preso temporariamente desde a última terça-feira (3), suspeito de roubar e matar Maria. Ele também é apontado como autor de diversos assaltos contra outras mulheres na mesma região.

Ricardo Braz foi encaminhado para a Unidade Prisional de Ressocialização de Itapecuru-Mirim e segue sendo investigado pelo crime de latrocínio, que é o roubo seguido de morte.

Ao g1 Maranhão, uma irmã de Maria Lindinalva, que preferiu não se identificar com medo do assassino, falou sobre a situação pelo qual a família vive atualmente e cobra justiça no caso.

"Estamos sofrendo muito com a perda da minha irmã. Apenas confiando na justiça e esperando a resolução do caso. A nossa mãe está bastante debilitada com a perda, pois foi algo monstruoso e inesperado", contou.

Maria também era considerada uma mulher trabalhadora e tinha sonhos para realizar, assim como lutava para criar uma criança de 1 ano e três meses, que agora terá que ficar aos cuidados de outros familiares.

"Trabalhadora. Inclusive, já foi professora do EJA e recentemente trabalhava com açaí", concluiu a irmã.

Desaparecimento de Maria

Segundo as investigações da Polícia Civil, Maria Lindinalva Carvalho, de 35 anos, conhecida como ‘Keké’, teria saído de sua residência, no povoado Lage do Curral, município de Matões do Norte, a caminho da BR-135, no dia 14 de setembro.

De acordo com familiares, a mulher desapareceu após sair de casa para ir ao hospital, saber informações do estado de saúde de um primo, que havia sofrido um grave acidente de trânsito.

Lindinalva ficou às margens da rodovia federal aguardando um veículo de transporte de passageiros passar. Testemunhas relataram à polícia que um veículo de passeio, de cor branca, parou e levou a vítima, que estava sozinha na estrada. Depois disso, a mulher desapareceu.

Os familiares de Lindinalva chegaram a pedir, nas redes sociais, informações sobre o paradeiro da jovem, mas, cinco dias depois dela desaparecer, o corpo de Lindinalva foi encontrado em uma região de mato, às margens de uma estrada vicinal, em Miranda do Norte.

O corpo foi identificado pelos familiares da vítima, que reconheceram as roupas, calçados e outros objetos pessoais, que estavam junto aos restos mortais.

PM identificado como suspeito do crime

Após o corpo de Maria Lindinalva ser encontrado, a Polícia Civil do Maranhão iniciou as investigações e conseguiu identificar o carro em que a vítima havia entrado, um Chevrolet Onix branco de placa PTO-5537.

O carro é propriedade do PM Ricardo Braz Oliveira, da cidade de Caxias e lotado, atualmente, no 29º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Zé Doca.

No decorrer das investigações, a Polícia Civil também identificou fortes indícios de que Ricardo Braz seria o autor de vários assaltos contra mulheres na região entre Caxias e Zé Doca.

Os levantamentos policiais apontam que o PM agia sempre da mesma forma com as vítimas: abordava mulheres desacompanhadas, que estavam em pontos de parada em rodovias.

Na ocasião, o PM se apresentava como profissional que atua no ramo de lotações e viagens (corridas) e perguntava para onde a mulher pretendia ir. O policial, então, combinava um valor para deixar a vítima e, após ela entrar no veículo, ele anunciava o assalto e levava a mulher para uma estrada vicinal, onde roubava todos os pertences da vítima.

O PM já foi reconhecido por três vítimas da região de Caxias, como autor de crimes praticados nos últimos 30 dias.

A polícia acredita que, no caso de Lindinalva, ela tenha sido abordada pelo policial, que tinha o intuito de assaltá-la, mas, por algum motivo ainda desconhecido, no curso do assalto o policial teria matado a vítima.

“Nós tratamos esse caso agora como latrocínio, inclusive em razão de outras três vítimas na região de Caxias terem reconhecido esse policial militar como autor de assaltos ocorridos no mês passado, com o mesmo modus operandi”, destacou o delegado Renilton Ferreira, titular da Delegacia de Miranda do Norte.

Versão do PM sobre o caso

Durante o interrogatório, o PM confessou que fazia ‘corridas’ nos momentos de folga e nos seus deslocamentos entre Caxias e Zé Doca. Ele abordava pessoas às margens das rodovias como forma de ganhar um valor extra.

Ricardo Braz confessou, ainda, ter abordado Maria Lindinalva na manhã do dia 14 de setembro, porém alegou que ele foi vítima de uma tentativa de assalto por parte da mulher.

O PM contou que Lindinalva estaria acompanhada de um homem e que ambos afirmaram que estavam indo para Santa Rita. O policial afirmou que cobrou R$ 15 de cada um para deixá-los na cidade e que, após passarem por Miranda do Norte, Lindinalva e o homem teriam anunciado um assalto e exigido que o PM adentrasse em uma estrada vicinal.

O suspeito alegou, ainda, que teria reagido ao suposto assalto após ser ameaçado de morte. Ele disse que foi identificado como policial pelos supostos assaltantes, momento em que teria desferido uma facada nas costas de Lindinalva e que, após esse fato, o homem que acompanhava Lindinalva teria retirado a mulher do carro e a levado para o mato, ocasião que o PM alega ter fugido.

Polícia descarta versão do PM

A Polícia Civil informou que a versão do PM não tem indícios de verdade, pois Ricardo Braz não registrou nenhuma ocorrência da suposta tentativa de assalto e não comunicou ninguém de sua família e nenhuma autoridade sobre o fato.

“Outro fato importante é que se trata de um policial militar com 13 anos prestados na segurança pública, ou seja, uma pessoa com vasta experiência em lidar com criminosos em situações delicadas e que, o argumento narrado por ele, de não ter procurado uma delegacia, não ter registrado uma ocorrência, não ter reportado esse suposto assalto, que ele alega em sua defesa, aos seus superiores, aos seus colegas de trabalho, aos seus familiares, não é algo que a polícia acredita como verdade”, explicou o delegado Renilton Ferreira.

Além disso, testemunhas oculares são categóricas em afirmar que Lindinalva estava sozinha ao entrar no carro do policial.

O carro usado pelo PM foi apreendido e encaminhado ao Instituto de Criminalística (ICRIM), onde será submetido a perícia. Além do carro, duas facas, que estavam em poder do policial, também foram apreendidas e vão ser periciadas.

A polícia Civil do Maranhão segue nas investigações com o objetivo de identificar outras possíveis vítimas e concluir o inquérito policial nos próximos dias.

“Nós não descartamos que vários outros crimes tenham sido praticados por esse policial da mesma forma, pelas rodovias que ligam Caxias a Zé Doca”, apontou o delegado.

Por g1 MA — São Luís

09/10/2023 11h45  Atualizado há 13 horas

 

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