Processo de desaproveitamento de água, no estado, é considerado um dos mais críticos do país.
O desperdício de água, com perdas no processo de abastecimento, é reclamação constante entre a população de diversos municípios maranhenses. Vazamentos visíveis ao longo das redes de abastecimento, extravios durante o transporte e distribuição de água e o mau uso da água em residências são alguns dos problemas que compõem o cenário de crise hídrica, em São Luís.
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil, organização que monitora o saneamento básico e o abastecimento de água no país, a capital maranhense apresenta um índice de 60,7% na perda de água, durante o processo de abastecimento.
A taxa de desperdício de água foi divulgada em pesquisa realizada em 2021. No Maranhão, o desaproveitamento de água potável, segundo o órgão, corresponde a 59%.
“Isso equivale, só de perdas, a algo em torno de São José de Ribamar e parte de Paço do Lumiar. Vale lembrar que São José de Ribamar é a terceira população do estado do Maranhão. Passados os anos, as companhias de saneamento; as concessionárias públicas, não modificaram esse quadro”, disse o engenheiro civil e sanitarista, Lúcio Macedo, ao alertar para a quantidade de água desperdiçada diariamente, na capital e no estado.
Mau uso da água potável no Maranhão
Os índices de desperdício de água potável, no Maranhão, são maiores que a média nacional, quantificada em 40,3%. O estado ocupa a quinta posição no ranking nacional de desperdício de água durante o processo de abastecimento, e São Luís está situada entre as 100 cidades brasileiras onde o problema é mais grave.
Operam, no estado, quatro concessionárias no setor hídrico: a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), responsável por 138 municípios; o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), que abastece outros 76 municípios; a Aegea, encarregada do abastecimento da cidade de Timon; e a BRK, com atuações nos municípios de Paço do Lumiar e São José de Ribamar.
“É preocupante, inclusive, para a própria companhia, porque ela nos indica, primeiro, que nós estamos água com suficiência, e, segundo, que nós temos que ter o cuidado, tanto quanto o mau uso, como também com as perdas que temos em nosso sistema”, explicou o presidente da Caema, Marcos Aurélio Freitas, ao avaliar os problemas e os desafios da companhia em solucionar os problemas referentes ao desaproveitamento de água em solo maranhense.
Desperdício de água e atribuições do Marco Legal do Saneamento Básico
O cenário de perda de água, em São Luís, contrasta com as atribuições estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento Básico, aprovado em 2020, cuja determinação avaliza a universalização do acesso à água em todos os municípios brasileiros, até 2033. Contudo, a partir de um levantamento utilizado para a elaboração do plano diretor da capital, entre os 350 bairros de São Luís, ao menos 150 são considerados áreas invadidas, com a prevalência do segundo maior fator de desperdício de água identificado na cidade: instalações ilegais.
“Nós temos que reverter este quadro. É uma necessidade para a saúde pública e, principalmente, para a higiene, para coibir as doenças de veiculação hídrica, porque, não havendo água suficiente nas comunidades mais carentes, a população busca fontes alternativas, principalmente através de poços perfurados em pequena profundidade, que, normalmente, são motivos de doenças, principalmente as diarreias e as parasitoses”, concluiu Lúcio Macedo, ao observar os perigos na manutenção do desperdício de água.
O que diz o poder público
A BRK, responsável pelo serviço de abastecimento de água em Paço do Lumiar, Raposa e São José de Ribamar, disse que continuamente tem equipes para detectar vazamentos não visíveis e reparo de pontos de vazamento.
A empresa disse também que moderniza o sistema de abastecimento utilizando tecnologia que controla os vazamentos, faz a substituição de tubulações antigas e controle de pressão da água.
Por g1 MA — São Luís
16/06/2023 16h55 Atualizado há 15 horas