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Maior que um carro, crocodilo gigante é lançado em rio da América do Sul
Crocodilo- do- orinoco está ameaçado de extinão
Um grupo de 160 crocodilos-do-orinoco foi solto no rio Capanaparo que corta a Venezuela e a Colômbia. Os animais foram criados em cativeiro como parte de um programa ambicioso para salvar este enorme predador da extinção.
O crocodilo-do-orinoco é o maior predador dos rios da América do Sul, podendo passar dos 6 metros de comprimento, o que é maior que um carro sedan médio que chega até 4 metros e meio de comprimento. O crocodilo, também, pode chegar a 400 quilos.
"Fazemos uma parte, criá-los e soltá-los, mas daí pra frente não depende de nós, tem que haver resguardo, vigilância, controle, educação ambiental", declarou à AFP Federico Pantin, que administra um zoológico.
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Conforme a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o réptil está em risco crítico de extinção, nível de alerta anterior ao desaparecimento de uma espécie em seu hábitat natural.
Diante desta ameaça, a Venezuela iniciou sua criação em cativeiro em 1990 com projetos públicos e privados. No entanto, embora mais de 10.000 exemplares tenham sido soltos em 33 anos, as populações continuam estagnadas.
Crocodilo orinoco em lago da Venezuela - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
O folclore local venera o crocodilo-do-orinoco com canções como 'Mercedes', do músico venezuelano falecido Simón Díaz, que usa como metáfora do adultério um crocodilo que devora uma mulher que toma banho em um rio.
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Restam apenas cerca de 100 fêmeas adultas em liberdade na Venezuela, estima a Fundação para o Desenvolvimento das Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais (Fudeci).
O zoológico como um fator chave
"Temos um casal fértil que produz os ovos que incubamos" e "os filhotes que nascem" no zoo, afirma Pantin. "Nós nos apoiamos também no que chamam de 'rancheo', capturar os filhotes pequenos no rio, quando são recém-nascidos, e trazê-los".
Os filhotes permanecem por um ano no zoológico antes de serem soltos. Mais de 95% sobrevivem, ao contrário do que aconteceria em seu hábitat, onde uma imensa maioria acabaria virando comida de aves, peixes e outros répteis.
Crocodilo orinoco em rio na Venezuela - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
O animal ficou à beira da extinção na primeira metade do século XX pela caça devido à sua pele cobiçada. Mais de 2,5 milhões de peles foram exportadas da Venezuela entre 1931 e 1934, segundo números oficiais.
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"Os bichinhos que nascem ou chegam aqui com uns 24 centímetros e 80 ou 100 gramas (...) serão soltos com 80 ou 90 centímetros de comprimento e quatro quilos", explica Pantin.
Dezenas de pequenos crocodilos de pele esverdeada com manchas pretas e olhos claros aguardavam sua transferência em pequenos tanques. De um lado, em uma casinha, os ovos do casal fértil - cerca de 40 por posta - são incubados por cerca de 90 dias, enterrados na areia a 33 centímetros de profundidade, entre 30 e 34 graus centígrados e umidade de 85% a 90%.
Os animais, cujo ciclo reprodutivo é anual, nascem por volta de maio.
A soltura tem, ainda, um "potencial turístico" que deve ser aproveitado, afirma à AFP Diego Bilbao, diretor da Rio Verde, que organiza excursões para assisti-la. Se os locais - inclusive as comunidades indígenas - virem o crocodilo uma "fonte de renda", ressalta, "ajudam a protegê-lo".
Crocodilo orinoco na Venezuela - De Agostini via Getty Images - De Agostini via Getty Images
O zoológico dos Pantin, que desenvolve programas de preservação de outras espécies endêmicas, com o 'Pintassilgo-da-venezuela' (Spinus cucullatus), o sapo rajado de Rancho Grande (Atelopus cruciger) ou a tartaruga Rhinoclemmys diademata, costuma receber visitas de escolas.
05/05/2023 12h15