Na abertura do ano Judiciário, ao lado da presidente do STF, Rosa Weber, e de outros ministros, o presidente Lula (PT) elogiou a atuação da Corte durante o governo Jair Bolsonaro (PL) e contra os atos golpistas de 8 de janeiro.
Daqui desta sala, contra a qual se voltou o mais concentrado ódio dos agressores, partiram decisões corajosas e absolutamente necessárias para enfrentar e deter o retrocesso, o negacionismo e a violência política Lula
O presidente da República destacou o trabalho dos ministros para defender a Constituição e identificar e punir aqueles que atentaram "de maneira selvagem, contra a vontade das urnas".
A história há de registrar e reconhecer esta página heroica do Judiciário brasileiro (...)Mais do que um plenário reconstruído, o que vejo aqui é o destemor de ministras e ministros na defesa de nossa Carta Magna. Vejo a disposição inabalável de trabalhar dia e noite para assegurar que não haja um milímetro de recuo em nossa democracia Lula
Ataques são resultado da 'descrença na política'
Em uma parte improvisada, já no fim de seu discurso, o petista disse que os ataques às instituições são resultado da descrença na política. "Nunca mais alguém deve ousar duvidar da política desse país ou desacreditar na política. O que aconteceu nesse país foi resultado da descrença na política pelo povo brasileiro", disse.
O que nós temos que ter consciência é que pode-se não gostar do Congresso, mas ele é o resultado da quantidade de informações e do humor no dia da votação. Portanto, nós temos que respeitar e só mudar quatro anos depois quando tiver uma próxima eleição. É assim que a gente vai sustentar definitivamente a democracia mais longínqua que nós conseguimos conquistar na República Federativa do Brasil Lula
Rosa: 'Turba insana' será responsabilizada
Primeira a discursar, a presidente do Supremo, Rosa Weber, disse que os ataques foram promovidos por uma "turba insana movida pelo ódio e irracionalidade", mas que não foi capaz de destruir o espírito democrático. Ela assegurou que os responsáveis por promover e financiar os atos serão responsabilizados "com o rigor da lei nas diferentes esferas"
Além dela e de Lula, outras autoridades discursaram no evento, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que concorre hoje à reeleição, e o procurador-geral da República, Augusto Aras.
'Marco histórico'
O STF trata como um marco histórico a retomada dos trabalhos hoje, após a invasão e depredação do prédio durante os atos golpistas.
Tradicionalmente uma cerimônia que apenas registra o início do ano Judiciário, o evento ganhou "peso de posse", com ao menos 300 convidados, incluindo chefes dos Poderes, ministros de Estado e embaixadores estrangeiros.
A ideia era a de demonstrar um sinal de força, que o tribunal retomará os julgamentos diretamente do plenário, como sempre fez, mesmo após a destruição causada por radicais no início do mês — a Corte instalou uma exposição com objetos do acervo que foram destruídos na ocasião.