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Por que o presidente Rueda 'fechou as portas' do Santos para Dorival?
ESPORTE
Publicado em 25/10/2022

O Santos enfrenta o Flamengo hoje (25), no Maracanã, e reencontrará Dorival Júnior. E o técnico do Rubro-Negro poderia estar à frente do Peixe, se não fosse uma "lei" do presidente Andres Rueda. O jogo pela 34ª rodada do Brasileirão começa às 21h45 (de Brasília).

Rueda decidiu antes mesmo do início de sua gestão, em dezembro de 2020, que não contrataria Dorival. O treinador costuma ser especulado na Vila Belmiro para assumir o comando do time, mas o presidente nunca o teve em consideração.

O assunto veio à tona na semana passada, quando o ex-executivo de futebol Edu Dracena concedeu entrevista à Rádio 365 e comentou o veto de Andres Rueda a Dorival Júnior, bicampeão paulista e vencedor da Copa do Brasil pelo Santos.

"Quando o [Fábio] Carille acabou saindo do Santos, meu primeiro nome não era o Fabián Bustos, era o Dorival Júnior. Eu liguei para ele e estava confiante, mas o presidente disse que, enquanto ele for presidente do Santos, Dorival não colocará os pés no clube. Não sei o motivo", disse Dracena.

 

O UOL Esporte foi atrás dos motivos que Edu Dracena não sabe ou não quis dizer. E o principal deles é a relação de Dorival com o empresário e cunhado Edson Khodor, dono da empresa Khodor Soccer.

 

Andres Rueda foi conselheiro e membro do Comitê de Gestão no mandato do ex-presidente Modesto Roma e acompanhou de perto o suposto conflito de interesse de Dorival e o cunhado. O caso mais emblemático foi a contratação do volante Leandro Donizete, agenciado pela Khodor. O jogador veio do Atlético-MG com três anos de contrato, salários de R$ 300 mil e comissão de R$ 686 mil.

Dorival indicou a contratação de Donizete, à época um jogador importante do Atlético-MG, e sempre se defendeu das críticas em relação ao cunhado. O atual técnico do Flamengo afirma que quem contrata é o clube, e ele não "dá carteirada".

À época, o Conselho Deliberativo do Santos convidou Dorival Júnior para uma "sabatina" e o técnico aceitou, mas foi orientado a não participar pelo ex-presidente Modesto. O fato ocorreu após o Conselho Fiscal apontar conflito de interesse em um relatório financeiro.

"O Leandro Donizete não tem o que provar. Ele jogou uns cinco anos de titular absoluto no Atlético. Eu já havia levado [Donizete] da Ferroviária para o Coritiba. Quando chegou esse atleta ao Santos, com o Edson [Khodor] como seu procurador, o Santos não teve o que pagar. Mas começaram a lançar questionamentos maldosos", disse Dorival, em 2017, ao SporTV.

"Eu tenho alguns anos de carreira. Não tem sentido nenhum [as críticas dos conselheiros]. O presidente já conhecia meu cunhado antes de eu chegar ao Santos. A grandeza do clube é maior do que meia dúzia de conselheiros", completou.

O Conselho Fiscal alertou para a situação de Leandro Donizete, mas também reclamou da chegada de jogadores de Edson Khodor para o sub-20 e sub-23. Foram os casos, por exemplo, de Fabricio Daniel (Ferroviária) e Gabriel Calabres (São Carlos). Eles, juntos, custaram R$ 2 milhões.

"Em nosso parecer do primeiro trimestre de 2016, demos ênfase à recomendação relativa aos contratos entre o Santos e a empresa Khodor Soccer & Marketing. Na oportunidade, alertamos sobre a eventual possibilidade da ocorrência de conflito de interesses pelo fato da referida empresa ser também agenciadora da comissão técnica do clube. Muito embora o Conselho Fiscal tenha feito essa recomendação, foram contratados outros quatro atletas com a intermediação da empresa durante o ano de 2016", disse o Conselho Fiscal na oportunidade.

Outra motivação do presidente Andres Rueda para não contratar Dorival Júnior foi o processo aberto pelo técnico contra o clube. Ele cobrou cerca de R$ 4 milhões na Justiça Trabalhista após Modesto Roma não pagar alguns salários, prêmios, FGTS e a rescisão, em 2017.

O veto de Rueda frustrou Dorival, que alimenta um desejo antigo de ter mais um trabalho no Santos. Ele esteve esperançoso quando Edu Dracena o cogitou no começo deste ano, mas também esperou convites em 2021. Diante desse contexto, um possível retorno à Vila Belmiro ocorreria numa nova gestão do Peixe.

O presidente Rueda tem mandato até dezembro de 2023 e já avisou que não será candidato à reeleição.

Entrevista polêmica

Edu Dracena fez críticas duras a Andres Rueda nesse papo com à Rádio 365. O presidente do Santos cogitou respondê-lo, mas optou por manter o silêncio. A pessoas próximas, porém, ele afirma que Edu não conversou com ele sobre Dorival Júnior e que os candidatos finais eram apenas Fabián Bustos e Ricardo Paiva.

Edu falou pela primeira vez sobre a relação ruim com Rueda à Rádio 365, comandada e apresentada por Olivério Júnior, que também é o responsável pela Tuddo, empresa que assessora Edu Dracena.

O executivo de futebol afirmou que esperou o Santos "ficar tranquilo" na tabela para "falar a verdade". Dracena se demitiu em julho, no dia em que a diretoria planejada o dispensar. A situação ficou insustentável quando o Peixe foi eliminado da Sul-Americana para o Deportivo Táchira (VEN) em plena Vila Belmiro.

 

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