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Após sopa em Van Gogh, Reino Unido quer endurecer leis contra ativistas
Publicado em 17/10/2022 10:01
NOTÍCIA

 

Ministra do Interior, Suella Braverman, chamou ambientalistas envolvidas em protesto de "bandidas e vândalas"

O governo do Reino Unido apresentará nesta semana um projeto de lei que busca ampliar penas para ativistas que causem distúrbios à população. A informação é da própria ministra do Interior britânica, Suella Braverman, e segue uma série de protestos de defensores do meio ambiente no país.

A mais recente manifestação aconteceu na última sexta-feira (14), quando duas ativistas do grupo Just Stop Oil jogaram uma lata de sopa de tomate no quadro Girassóis, uma das principais obras do pintor holandês Vincent Van Gogh. O protesto aconteceu na National Gallery, em Londres, e buscava pressionar o governo britânico a decretar o fim do uso de combustíveis fósseis.

Ativistas jogaram sopa de tomate nos 'Girassóis', de Van Gogh na National Gallery de Londres

Ativistas jogaram sopa de tomate nos 'Girassóis', de Van Gogh na National Gallery de Londres - Just Stop Oil -14.out.22/via Reuters

"Você está mais preocupado com a proteção de uma pintura ou com a proteção do nosso planeta?" gritou uma das mulheres na ocasião.

O tiro, porém, pode ter saído pela culatra. Isso porque, no sábado (15), Braverman assinou um artigo no jornal Daily Mail, acusando as ativistas de "bandidas e vândalas" que usam "táticas de guerrilhas". "Quem vocês pensam que são?", questionou. No texto, ela ainda anunciou que enviaria ao Parlamento um projeto de lei que dá mais poderes aos policiais para barrarem protestos que causem distúrbio à comunidade local.

Segundo Braverman, se aprovada, a nova legislação permitirá que agentes de segurança parem e revistem suspeitos de organizarem protestos como o de sexta. A mídia britânica informou que mais de 350 manifestantes da Just Stop Oil foram presos em outubro.

Também na última semana ativistas derramaram litros de leite no chão de vários importantes supermercados de Londres, como Harrods, Wholes Foods e Waitrose. Eles condenavam a indústria de laticínios e pediam às redes e aos clientes que estocassem  De acordo com a ministra, apenas duas  operações policiais para lidar com protestos da Extinction Rebellion, importante organização ambiental, custaram aos cofres britânicos 37 milhões de libras (R$ 221 milhões), o dobro do que seria destinado anualmente à força tarefa para combater crimes violentos. Paralelamente, ela apontou que manifestações do tipo já causaram a perda de 146 milhões de libras em um projeto de infraestrutura do Reino Unido –Braverman não detalhou os valores.

É incerto, porém, o apoio popular do projeto de lei. Em março do ano passado, por exemplo, milhares de pessoas protestaram em Bristol contra uma legislação que permitiria o governo a impor horários de início e término das manifestações e estabelecer limites de ruídos nos eventos. Se as normas não fossem cumpridas, os organizadores do protesto poderiam ser multados em até 2.500 libras (quase R$ 15 mil).

Os críticos do novo projeto de lei dizem que ele não tem lugar em uma sociedade democrática. Mais de 50.000 pessoas assinaram uma petição pedindo que ela seja retirada, segundo o jornal The Washington Post.

Apesar dos protestos, o projeto foi aprovado neste ano. No artigo de sábado, porém, Braverman escreveu que a legislação não foi suficiente.

 

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