Ex-presidente afirma que valor não foi suficiente para que ex-procurador deixasse de cometer crimes

Os advogados do ex-presidente Lula (PT) entraram, nesta terça (17), com recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para pedir aumento no valor da indenização de R$ 75 mil que o ex-procurador Deltan Dallagnol foi condenado a pagar a ele por causa da entrevista do PowerPoint.

A defesa de Lula argumenta que o ex-procurador é uma "pessoa de muitas posses" e que, além disso, Dallagnol arrecadou por meio de doações um total de R$ 500 mil para o pagamento do débito.

No recurso, os advogados afirmam ainda que o valor de R$ 75 mil foi insuficiente para impedir o ex-procurador de voltar a cometer atos semelhantes. Eles citam publicações feitas por Dallagnol nas redes sociais, após a condenação, em que ele volta a atacar Lula, o STJ e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Em um dos posts citados no processo, o ex-procurador publicou uma imagem do ex-presidente com as mãos abertas em direção a um saco de dinheiro. "É só isso que Lula sabe fazer com os brasileiros: tirar. Mas dessa vez ele estará tirando das crianças com câncer e portadoras de autismo", diz o texto. Dallagnol chegou a dizer que, caso conseguisse derrubar a condenação, doaria os R$ 500 mil para "hospitais filantrópicos que tratam crianças com câncer e portadores de autismo".

Em outro exemplo apresentado pela defesa de Lula, o ex-procurador da Lava Jato retuitou post no Twitter em que são exibidas imagens satíricas do ex-presidente e dos ministros do STF Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. "O próximo passo é concluírem que fomos nós que roubamos o Lula", diz a publicação.

A Quarta Turma do STJ decidiu no dia 22 de março que Dallagnol deve indenizar Lula em R$ 75 mil pela entrevista na qual divulgou a denúncia do tríplex em Guarujá (SP).

A denúncia ficou conhecida pela apresentação de PowerPoint reproduzida em um painel. Na ocasião, o ex-procurador disse que Lula era "o grande general" do esquema da Petrobras e que comandou uma "propinocracia".